A resposta do prof. Cortella explica o “silêncio” de Deus

No trecho de uma sensacional palestra, o professor Mário Sérgio Cortella termina por explicar porque há no mundo um “silêncio de Deus” e porque Jesus nada falou quando Pilatos lhe perguntou “o que é a verdade?”.

A verdade é que a Verdade é complexa e extensa demais para a mente e para todas as circunstâncias da vida humana, e este ricochete involuntário da obra da Criação pode ser visto como o grande inimigo de Deus e o pior efeito-rebote na Missão de salvação empreendida por Jesus Cristo, após uma Queda que literalmente cegou a Humanidade. Como o leitor vê, até o enunciado do assunto é complicado, uma vez que os elementos intrínsecos do pensamento necessitam de ilustrações prévias na cabeça do ouvinte, sem as quais tudo parecerá mero jogo de palavras para convencer descrentes. É este o nó cego no qual podem prantear todos aqueles que desejam evangelizar ou cuja formação os capacitou para a obra missionária.

Porém alguma coisa mudou. O mundo já conta com a Internet e outras ferramentas decisivas para se oferecer explicações completas sobre qualquer assunto, ainda mais auxiliadas pelo uso de fotos e filmes, na velha noção de que uma imagem vale mais do que mil palavras. Foi este “presente da tecnologia” que nos legou agora a inteligência do professor Mário Sérgio Cortella, o qual a todos nós proporcionou a visão perfeita do porquê Jesus nada respondeu quando Pilatos lhe perguntou “o que é a Verdade?”. Com efeito, a pergunta feita ao professor Cortella foi aquele velho arroubo dos medíocres que não têm conteúdo intelectual para entender certos assuntos, e por isso perguntam “você sabe com quem está falando?”. E a resposta óbvia seria tão fria e secamente “Você tem tempo?”.

Todavia, antes de continuar nosso arrazoado, é imprescindível que o leitor veja todo o vídeo em que o professor explica esta resposta, sem o que voltamos todos à estaca zero. Assim sendo, clique NESTE link e encare esta jornada da busca pela Verdade em relação à pergunta “Quem você pensa que eu sou?” – a qual, na prática, equivale a “você sabe com quem está falando?”. Você ficará maravilhado com a explicação de Mário Sérgio e entenderá muito bem o silêncio de Jesus perante Pilatos.

Considere: no auge de uma discussão, um dos lados pergunta ao outro: “você sabe com quem está falando?”. Esta é uma pergunta cuja resposta faria Jesus ficar mudo, e agora sabemos que quando Ele emudeceu diante de Pilatos, nada mais fazia que perguntar: “você acha que teria tempo suficiente para ouvir minha resposta? E acha que eu poderia lhe dar esta resposta em pé neste estado, já depois de ter sido tão surrado como fui por seus soldados?”…

Não. Jesus não era apenas um homem organizado, sob o peso de uma débil condição humana incapacitante, que obriga a uma parada total em tudo o que se está fazendo para, no silêncio de uma sala de reunião secreta, se passar umas três ou quatro horas ininterruptas numa conversa técnica, na qual um dos dois perguntava e o outro se dava a responder longamente, com a resposta completa e capaz de não deixar brechas lógicas no perguntador. Não. Jesus era (e é) o próprio Deus que tudo sabe, a inteligência lógica infinita, para quem a Verdade não tem poder algum para erradicar o pecado, exceto se for (ou a não ser que possa ser) dada por inteiro, vedando todas as brechas argumentativas de quem está em busca dela. É óbvio que nem toda alma quer todas as respostas, pois nem todo mundo enxerga outras complicações em sua dúvida, e sua própria mediocridade lhe permite contentar-se com uma resposta limitada ou simplificada. Porém para Deus, que conhece a resposta completa, dar apenas parte da verdade é um desastre, sobretudo quando há alguém escutando que vai tentar lembrar um dia para retransmitir a outros, como foi o caso de Mateus, Marcos, Lucas e João, autores dos evangelhos que trazem suas lembranças das palavras de Jesus.

Para eles, seguramente, Jesus respondeu tudo (não para Pilatos, naquela sangrenta ocasião do julgamento iníquo), e por isso a leitura do Novo Testamento satisfaz a maioria das almas – digo maioria porque é extremamente plausível que haja algumas almas que ainda tenham dúvidas, mesmo após ler todas as respostas do Novo Testamento (para mim, um exemplo de alma assim é a de CS Lewis, que mergulhou muito além das linhas e entrelinhas da Bíblia, e por isso mesmo foi capaz de dar respostas para perguntas que ninguém faz, ou para perguntas que raríssimas almas fazem).

E como seria a resposta completa de Jesus para a pergunta de Pilatos: “O que é a verdade?”. Ora; o leitor viu o vídeo do professor Cortella? Viu? Se viu, deve agora estar entendendo muito bem o que e o quanto seria necessário para Jesus dar aquela resposta a Pilatos, e só assim se pode elencar as seguintes condições sine qua:

1a) Que Pilatos tivesse um bom tempo para ouvir a Jesus;

2a) Que ambos, principalmente Jesus (que estava exausto e sangrando), pudessem se sentar numa cadeira confortável e conversar em silêncio, numa sala isolada e sem interrupção;

3a) Que Pilatos tivesse boa vontade no coração (ou um coração em busca da boa vontade de Deus) e estivesse de fato “sedento” de salvação;

4a) Que Pilatos tivesse uma história prévia de pesquisa acerca da vontade de Deus para a Humanidade, que hoje em dia se traduziria como um passado de leitura espiritual, cursos teológicos e inteligência aguçada para as coisas do Alto;

5a) Que o passado de estudo teológico de Pilatos tivesse sido circunstanciado por gente do exército de Deus, ou seja, que ele jamais tivesse ouvido alguma religião falsa;

6a) Que Pilatos não tivesse nenhum orgulho bloqueador, do tipo que proíbe um monarca de se render aos pés da Verdade e encarar a admoestação moral adequada à sua vida de pecados.

Após tudo isso, Jesus começaria por explicar toda a História da Criação, e como aconteceu de uma obra tão bela cair das alturas e rebelar-se contra seu próprio Pai, o Bem e o Amor infinito. Sua explicação passaria bom tempo falando da Queda dos anjos logo após – ou muito tempo depois – dos primeiros estágios da Criação, sem a qual jamais se poderia entender a Queda do Homem. Jesus explicaria que a Queda dos anjos se deu muito antes de Adão e Eva serem eleitos Rei e Rainha na administração do planeta, e que o primeiro casal só foi eleito bilhões de anos após a formação do planeta Terra, e milhões de anos após a formação da vida, que nasceu da manipulação espiritual de uma “sopa orgânica” misturada às águas originais da superfície. Diria também que esta vida foi criada para evoluir do primeiro unicelular até os seres multicelulares de hoje, os quais formaram os reinos animais que conhecemos (estes seres passaram pelos estágios sucessivos desde os seres unicelulares até a complexidade de peixes, répteis e mamíferos, e só depois chegaram aos macacos, cujos primeiros falantes foram chamados Adão e Eva).

Os anjos, antes de cair, haviam sido agraciados com porções imensas do universo para governarem, e a outorga daquelas “porções de terras” era irrevogável, i.e, quem ganhou ganhou, não podendo perder aquele espaço, exceto uma redução em caso de risco para orbes inocentes. Quando os anjos caíram, e para evitar a queda de todo o universo que haviam recebido, foi-lhes determinado, em regime de exceção providencial de emergência, que seu espaço seria encurralado até onde o número de decaídos fosse menor, e por isso toda a legião de demônios ficou restrita, em termos de universo material, ao planeta Terra em toda a sua extensão tridimensional (o restante da propriedade de direito dos anjos caídos era a terra preparada para anjos chamada “Tártaro”, ou Lago de Fogo, de extensão quase infinita, na qual poderiam viver sua eternidade na curtição de sua iniqüidade).

Porém, um anjo caído dominou a todos e ficou como regente do planeta Terra, na Terceira Dimensão. E ele andava pela viração do Jardim original, onde Deus preparara a moradia do primeiro casal. Foi este anjo que fez o casal cair. A Queda se deu por uma ruptura da moral individual por desobediência à orientação divina, cuja rejeição faria o casal (e todos os seus descendentes) perder todos os poderes criacionais outorgados aos administradores do Jardim de Deus. Sem aqueles poderes, a desgraça passou a ser o efeito direto das ações humanas, e o Homem ficou perdido entre um espírito capaz de dialogar com anjos (sabendo dos poderes que perdeu) e um corpo fragilizado, sem controle sobre a natureza e propenso a doenças e desvios de conduta. Perdido como ficou, com corpo frágil e coração propenso à presunção, só recuperaria sua higidez e fortaleza se fizesse as pazes com Deus, e por isso o Pai mandou seu Filho, chamado Jesus Cristo, para reconciliar o mundo consigo.

Esta seria, enfim, A EXPLICAÇÃO que Jesus daria a Pilatos para a pergunta “o que é a verdade?”, mas o leitor deve ser advertido severamente para o fato de que ela ainda está citada AQUI de passagem e de modo RESUMIDÍSSIMO, porquanto necessita de tudo aquilo (as SEIS condições acima elencadas) para ir além, e mesmo assim talvez jamais esgote a “parafernália” que o próprio Deus teria para explicar (João 21,25). De qualquer forma, penso que agora o leitor já sabe que, quando seu coração qualquer dia perguntar “o que é a verdade?”, ouvirá de Deus a resposta que o professor Cortella deu, a saber: “você tem tempo?”…

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