Meu cristão favorito

Um Artigo extraordinário postado por “A Catequista” ensina os cristãos a entender melhor a divisão entre católicos e protestantes, bem como a enxergar em CS Lewis (e em outros bons crentes) o exemplo de discípulo de Cristo por quem o Senhor dedicou toda a sua missão a abençoá-los.

“Meu protestante favorito”: uma reflexão sobre os assim chamados “irmãos separados”…

Postado em A Catequista

Depois da animação “Meu Malvado Favorito”, bem que os católicos poderiam produzir um filme chamado “Meu protestante favorito”. Afinal, muitos de nós admiramos o testemunho cristão de ao menos um amigo, parente ou celebridade protestante (ainda que reconheçamos as graves lacunas de sua crença).

Tem uns sites católicos por aí dizendo que os protestantes não são nada além do que um bando de hereges completamente afastados da graça de Deus, e nem mesmo podem ser chamados de cristãos. Se você pensa assim, você está contra a doutrina católica, sim, amiguinho!

É preciso saber que:

  • a Igreja Católica reconhece como VÁLIDO o batismo ministrado em algumas comunidades protestantes (veja quais);
  • a encíclica Dominus Iesus afirma que os membros de outras religiões, ainda que de forma GRAVEMENTE deficitária, podem receber a graça de Deus – pois muitos não têm culpa de serem ignorantes quanto à verdadeira fé;
  • São Paulo ensina que até mesmo os pagãos, apesar de não terem tido contato com a lei de Deus, muitas vezes fazem o que a lei manda, quando são fiéis à sua consciência (Rom 2,13-15);
  • fora da Igreja não há salvação (já explicamos esse dogma aqui), e, junto a isso, também é verdade “para se obter a salvação, não se exige a incorporação real (reapse), como membro, à Igreja, mas é exigido, pelo menos, a adesão a esta pelo voto e o desejo (…). Se o homem sofre de ignorância invencível, Deus aceita um voto implícito, assim chamado porque contido naquela boa disposição da alma com a qual o homem quer a sua vontade conforme à vontade de Deus.” (Carta do Santo Ofício ao Arcebispo de Boston, 1949. Denzinger, 3866 -3872).

Diante de tudo isso, como é que se pode sustentar a ideia estapafúrdia de que os protestantes não são cristãos?

Nós católicos devemos saber conciliar a necessária luta contra a heresia protestante com o devido amor e respeito aos nossos irmãos separados. Até mesmo sabendo identificar as oportunidades de colaboração mútua em “questões sociais e técnicas, culturais e religiosas” (S. João Paulo II, Redemptoris Missio).Que a Deforma Protestante foi obra do capeta, isso nós temos que deixar claro (não foi reforma, foi deforma mesmo!). Ainda assim, algo de católico os protestantes conservaram – o Novo Testamento foi compilado pelos católicos, afinal (saiba mais aqui)! E é essa parcela de herança católica que Deus pode usar para realiza a Sua obra.

Aliás, nem todo protestante é herege, no sentido mais amplo do termo. Existe uma diferença entre crer em uma doutrina errada por ignorância invencível (heresia material), e entre rejeitar a verdade por puro orgulho, covardia e teimosia (heresia formal).

Nas comunidades protestantes, os pastores, bispos e apóstolos não possuem poder sacerdotal algum – pois não possuem sucessão apostólica. E, mesmo assim, muitos deles agem de reta consciência, buscando com sinceridade serem fiéis a Jesus.

Como bem observou nosso leitor Geraldo: “Uma coisa é o herege pai, fonte da heresia. Outra coisa são os membros das comunidades eclesiais herdeiras desse heresiarca (os batistas, os presbiterianos, assembleianos, etc.) que nasceram e cresceram nessa cultura sem nunca conhecer outra coisa E que, com aquilo que receberam (e que em grande parte é algo herdado do catolicismo de onde um dia se desmembraram) fazem o que podem, por vezes dando muito mais frutos que nós próprios que comemos à mesa do Pai”.Mas infelizmente, grande parte das denominações se afastaram de forma tão drástica do Evangelho, que já nem mesmo podem ser chamadas de cristãs: são paracristãs, ou seja, arremedos medonhos do cristianismo.

Como a igrejola do pastor que dá surra de terno…

 

 

 

 

 

 

 

As igrejas que abençoam uniões gay; a comunidade evangélica sul-africana que come capim durante o culto; a seita que promove a lipoaspiração Di Zizuiz para emagrecimento…

Enfim, o rol de aberrações é interminável! Algumas comunidades chegam até mesmo a negar a divindade de Jesus, como é o caso das Testemunhas de Jeová. Não é à toa que Lutero reconheceu a besteira que fez, ao ensinar que qualquer um pode interpretar a Bíblia (confira aqui).

Também muitos protestantes fazem uma escolha livre pela ignorância; nesse caso, o caminho da perdição é quase certo. Mesmo assim, o julgamento está nas mãos de Deus.

Então, se você tem um protestante favorito, seja legal. Tem muitas coisas que podemos fazer juntos. Mas, como canja da galinha não faz mal a ninguém, não dê chance pro Coisa-Ruim! Trate de trabalhar e rezar para trazer o amiguinho para a única Igreja que contém a plenitude dos meios de Salvação!

17/Abril/2017 – Publicado em Atitude Católica  por ESTE link.

NOSSO CRISTÃO FAVORITO

O Artigo acima é de uma qualidade extraordinária! É belo, coerente e majestoso, e por isso coube em uma de nossas postagens mensais, com algumas poucas “incisões” ou revisões, por assim dizer. Todavia, para não deixar a coluna de hoje muito cansativa, esta Escola entende que só nos resta esclarecer que CS Lewis não era protestante, no sentido estrito do termo, tal como o leitor pode conferir NESTE vídeo.

O problema reside muito mais na pobreza das línguas humanas que, com o passar do tempo, não têm nenhum poder para impedir que a preguiça mental e a ignorância técnica retire ou acrescente sentidos manipulados, para mais ou param menos, e assim as palavras vão caindo no vazio ou na mixórdia, culminando num futuro onde elas não servem mais para o propósito a que foram criadas, ou simplesmente obrigam a encerrar a discussão por absoluto desentendimento do que está sendo dito.

Exemplo disso são as palavras “cristão”, “espiritual”, “crente”, “evangélico”, “inspiração”, etc. São todas difíceis e “prostitutas” da linguagem, pois se amigam a bel prazer de quem quer que lhes pague melhor a utilização. O próprio CS Lewis se queixou disso várias vezes, sendo exemplo claro de sua indignação com este estado de coisas quando ele escreveu, no livro “Mere Christianity”, acerca da palavra “gentleman”. Diz ele que se era pra usar a palavra fora de seu sentido original, então o mais lógico seria inventar uma outra palavra, e não ficar “aprofundando” os sentidos ou forçando a barra para exprimir coisas iguais com nomes diferentes, ou coisas diferentes com nomes iguais!

Pois bem. Aqui chegamos no artigo anterior. Seu sentido só pecou quando chamou o cristão CS Lewis de “protestante”, no sentido comum ou “denominacional” do termo. Lewis só pode ser encarado como “protestante” no sentido de não se congregar “cadastralmente” numa paróquia Católica Romana, e isto basta. Porém Lewis era um “protestante”, tanto no sentido de ter sido um dos cristãos que mais protestou contra o pecado no mundo e no homem (ao ponto de ter escrito um livro como “Perelandra”, onde um cadáver possuído pelo diabo é igual a um homem que em vida se entregou ao demônio), quanto no sentido de ter usufruído de toda a gloriosa liberdade dos filhos de Deus, escrevendo dezenas de livros com autoridade superior à dos papas católicos (que nunca chegaram onde Lewis chegou!).

Assim, chamar de Lewis de protestante não é a melhor maneira de explicar Lewis para o mundo, e muito menos para “batizar” um dos maiores gênios da história do Cristianismo, o qual poderia figurar como 13º apóstolo de Cristo sem a menor dúvida! O mais correto seria chamá-lo apenas de “cristão”, para ser mais lógico e coerente com sua história de vida.

Mas na verdade, Lewis era muito mais católico do que a maioria dos católicos comuns de nossa convivência social, porque a catolicidade dele não era aquela da mera frequência aos templos católicos, mas a sua adesão irrestrita às doutrinas católicas, embora nem sempre expressas publicamente. Sua congregação semanal e às vezes diária era à igreja anglicana, que nada mais é que uma igreja católica da Inglaterra, cuja separação com a Igreja de Roma se deu tão somente por causa de um erro católico infantil, a saber, querer proibir o casamento aos seus sacerdotes, no tal celibato obrigatório. Ora, celibato é como virgindade, preserva quem quer! Mas nem por isso Deus iria proibir que um homem bem casado, excelente pai de família, não pudesse ensinar a Bíblia e administrar os sacramentos! Foi aqui que se deu a ruptura da Igreja da Inglaterra com a de Roma, e o erro romano persiste ainda hoje!

Logo, para sermos precisos e bem técnicos, o certo é chamar CS Lewis de católico, pois ser católico é antes de tudo PROFESSAR A DOUTRINA CATÓLICA, e esta Lewis professava em alto e bom som, como atestou o vídeo que recomendamos acima. Era isto o que tínhamos a concluir após a leitura deste excelente artigo pelo site “O Catequista”. Que ele sirva de orientação para que os católicos respeitem Lewis como católico, e para que os protestantes conheçam o coração católico de Lewis, e não mais o incluam em sua membresia de consciência tão medíocre.

 

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