O PARAÍSO PERDIDO DOS MACACOS FELIZES

OS IMORTAIS MATÁVEIS

A higidez de toda a biosfera e uma saúde perfeita de corpo, mente e alma perfaziam a imortalidade do primeiro casal, o que não significa que eles não pudessem ser mortos.

Esta é uma conversa para cristãos ou com cristãos. Convido o leitor não-cristão a não perder seu tempo nesta leitura (pois ela certamente o desgostará) ou então iniciar a leitura com uma excelente pré-disposição de ânimo, tentando ver, nas linhas e entrelinhas, aquilo que veria um cientista “desengajado”, do tipo a quem se aplicaria aquele elogio do Roberto Carlos, “cabeça de homem mas o coração de menino”, inserido na música “Amigo”.

Nunca conclui um ano letivo sem receber, de algum aluno, alguma pergunta descrente acerca da “impossibilidade lógica da imortalidade edênica”. A questão sempre vinha acompanhada de um vívido espanto com a questão da idade de Adão (930 anos) e um tratamento ridicularizante do dado bíblico, posto na conta de mais uma das “mentiras judaicas canonizadas”.

Bom, assim sendo, tais alunos nem precisarão ser respondidos em relação à idade de nosso primeiro pai, uma vez que ao tratar tecnicamente de um mundo sem pecado, a resposta menor ficará claramente iluminada. E uma tentativa de resumir um assunto tão complexo e abrangente será o nosso ingente trabalho, sem nenhuma esperança de mudar a mente descrente da modernidade.

Adão e Eva são o exemplo ideal de “imortais matáveis”. Isto é, de seres cuja existência é tão perfeita e saudável, que a morte não teria qualquer poder sobre eles, exceto um ato voluntário de terceiros, que deliberadamente atirassem neles. Todavia o leitor deve lembrar que, em termos de seres capazes de empunhar e disparar uma arma de fogo, eles estavam literalmente protegidos, não por blindados, mas pela solidão de um casal escolhido por Deus para inaugurar a faculdade da fala entre primatas. O casal era o primeiro par de macacos evoluídos no qual Deus soprou o seu “pneuma” de despertamento da consciência, outorgando a eles as tarefas de administração do imenso Jardim, dentre as quais o dever de ensinar a linguagem articulada para os demais macacos (havia inclusive outros animais que falavam, e a Bíblia parece “insinuar” isso ao tocar no assunto das “serpentes”, as quais, até então, tinham pequenos braços e pernas, como lagartos).

No macroambiente edênico da pré-história contada por Moisés, a natureza estava de tal forma submissa ao controle de Deus e do “pneuma” de Deus (O Espírito Santo, terceira pessoa da Trindade), que não é possível, a nenhum ser humano moderno, sequer imaginar o quanto Adão se parecia com o Superman ou o quanto suplantava este. Entretanto, embora o homem imaculado tivesse poderes que faziam inveja a um super-herói, ele era “matável”, no sentido de que não tinha o corpo de ferro e este poderia ser atingido por um projétil, causando a destruição do corpo e a morte. Todavia era imortal, se nada mudasse no todo ao seu redor e se tudo se mantivesse na ordem pretendida; porquanto nada havia para contaminá-lo e nada o atingiria num ambiente sem pecado, onde a própria presença de Deus era perceptível aos olhos. Neste sentido, ele nunca morreria, porque jamais seria matado.

Além dos poderes “divinos” de uma alma imaculada e uma mente 100% utilizada, o meio ambiente de Adão e Eva estava 100% puro, incontaminado e incapaz de contaminar-se, protegido não apenas por Deus exteriormente, mas pela presença de Deus no coração do casal, o que impedia qualquer chegada de germes, bactérias ou pestilências de qualquer ordem, as quais sequer poderiam sobreviver ali, já que o ar puro e partilhado por Deus é mortal para qualquer vida inútil e maligna. Logo, como alguém pode morrer se não chega ao seu corpo nenhum agente exterior para contaminá-lo? Como adoecer o corpo se nenhum alimento é impuro? Se todos os microorganismos internos e externos estão a serviço da saúde?… Então, a pergunta é: Como o ambiente ficou tão contaminado como o de hoje?

A Graça de Deus, habitante de todos os lugares santos, uma vez rejeitada e expulsa, carrega consigo todos os méritos de Sua presença, não por vingança (como um de nós faria), mas por atração. O Bem da Graça é tão elevado que nenhum bem se mantém bom quando enfrenta a separação de uma rejeição, indo atrás da emanação divina ou atrofiando até a niilização, quando o desvio “atrasa a atração”. Ou melhor, quando Deus deixa um lugar, por ser Deus o infinito, nada poderá ocupar-lhe o espaço, e assim a atração do vazio sempre cairá para o finito. Afora o fato de que, após a expulsão, o vínculo da paz, consubstanciado pela amizade de Deus, começa a desfazer-se pela soberania do Livre-arbítrio, e assim a mente rejeitadora marcha inexoravelmente para a vida sem poder, ou frágil, uma vez que qualquer poder sem Deus termina virando fraqueza.

Portanto, esta é a história propriamente dita da fatídica e famigerada Queda do Homem, que o leitor agora pode vislumbrar como MUITO MAIS QUE UMA QUEDA: ela foi uma verdadeira implosão do ego sobre si mesmo, mergulhando no vazio do mínimo finito pela ausência do infinito. E certamente nem há mais palavras para descrever tal cena, pois esta foi grandiosa demais para a linguagem pragmática que Deus ensinou para o convívio da paz, que pudesse pelo menos atenuar o estrago provocado pela rejeição. Tudo o mais que alguém possa dizer será redundante ou deficiente, conquanto deixará de fora elementos fundamentais, ou incorporará os parasitas espirituais das patologias mentais humanas.

A Perda do Paraíso, cantada e decantada em prosa e verso ao longo da História, agora pode ser, à luz de milhões de anos da Evolução dos primatas, revisitada sob uma nova ótica esclarecedora (onde a vaidade moderna também cai sobre as estatísticas da expectativa de vida atual, a qual alcança folgados 80 anos), cuja noção será tremendamente afetada pela reafirmação da idade de Adão, que só os cegos voluntários não querem ver. Era um Paraíso sem morte, embora com mortais a habitá-lo. Mas eram imortais porque ninguém os mataria, e nada havia no ambiente que os contaminasse. E acima de tudo, SE por acaso chegassem criminosos para matá-los, ou germes para adoecê-los, suas mentes tinham poder suficiente para curar os inimigos e descontaminar tudo, numa auto-quarentena.

E agora, homem moderno? Agora que você viu QUAL TIPO de Paraíso perdeu, ou QUAL mundo você criou com sua ambição, agora que você está mais consciente da tremenda burrada que fez ao preferir sua vida livre (ao invés de uma vida abundante pela vontade de Deus), o que fará para re-encaminhar sua mente até restaurar a amizade com Deus? Pense bem. Procure ver, pelo menos, se aquele Deus ali rejeitado, se por acaso Ele não se comunica com a Humanidade… – Siga o sussurro do Alto: Ele pode estar mais perto do que a Bíblia está de você.

…………………………………………………………………………………………..Prof. JV.

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