Quando Deus larga ou deixa de proteger uma alma

No trecho que diz “Deus os estregou a toda sorte de paixões” está um grave erro de interpretação, que pode insinuar que Deus os traiu ou os empurrou para a desgraça, abandonando-os maldosamente.

Devido à atual onda de erotização coletiva (porém “seletiva” – porque privilegia segmentos da sexualidade, como o homossexualismo e a bissexualidade, e banaliza outros), a sociedade extinguiu a crítica comportamental de diversos setores da vida, negando até mesmo o simples exame das realidades subjacentes aos conceitos até então válidos, forjados em séculos de experiência entre mestres e estudiosos, que não chegaram a tais entendimentos por mero capricho. Todavia permanecem em vigor as velhas defesas ou respostas dadas à nova “onda”, sobretudo quando empreendidas por argumentadores pouco preparados, causando o prejuízo da desmoralização do argumento.

Vê-se tal fenômeno de modo mais acintoso quando o assunto é, por exemplo, a Moral cristã, e um padre ou pastor não se comportam de modo digno da moral que defendem, causando um prejuízo incalculável à pregação da validade da religião, muito além do prejuízo à imagem pública deles (a qual sempre é muito menos relevante do que a mensagem que pregam).

Portanto, deve-se perguntar por qual crítica específica a sociedade extinguiu uma discussão já consagrada em outros tempos, e qual a resposta imediatamente dada a ela pela maioria dos seus “acusados” e acusadores despreparados, ou com qual argumento a defendem.

Olhar de crianca-4A questão é a da “permissão” de Deus para práticas homossexuais, por ser Ele um Deus de amor e acolher a todos. Esta é a onda da vez e a vez da onda. E a resposta de seus críticos é a de que “Deus os estregou a toda sorte de paixões”, como se o Senhor fosse um deus-sádico e os tivesse traído, “empurrando-os” para a desgraça e abandonando-os à própria sorte. Neste abandono, estaria uma ideia subjacente a uma aceitação da liberdade irresponsável, tal como acontece com a mulher que abandona o marido por ter sido traída por ele, mas não encara a traição como um pecado, e sim como uma fraqueza irresistível da carne que ela própria irá experimentar amanhã (neste espírito creio que foi composta a letra da música “Deixo”, que Ivete Sangalo interpretou magistralmente, apontando uma mulher que chega ao seu limite e não “segura” mais o seu homem, por constatar que ele não consegue abandonar a sua vida de traição). Lembro-me também de um velho poema onde Deus conta esta mesma história de desespero – prolongado por centenas de traições – ante a rebeldia de uma alma que O trai e Ele chega ao seu limite, abandonando-a.

Todavia há um equívoco de interpretação na defesa dos críticos, que imaginam uma sumária condenação de quem caiu naqueles vícios, como se Deus não enxergasse todas as circunstâncias que levaram uma alma a tal tropeço. Não é assim que Deus trata os pecadores, desde que estes partam do princípio de que são pecadores e se arrependam; i.e., que eles podem fazer más escolhas e cair no vício a elas agregado, desde que voltem atrás e não mais o pratiquem; do contrário, correm o risco de encarar o mal como normal e depois como um bem (Is 5,20): foi isto provavelmente o que aconteceu com o homossexualismo, o bissexualismo e outros ismos, o que explica a sua aparente aceitação plena na sociedade atual.

Deus os entregou (ou “abandonou”) ao seu próprio vício, como Paulo explicou em Romanos (Romanos 1,22-32) e então é preciso analisar o estado ou “como ficaram” essas almas APÓS o ‘abandono’. O texto citado é completo e contundente, e somente será desprezado por quem já está dominado pelos vícios ali descritos, ou por quem não crê na existência de Deus. Vejamos o que qualquer um pode deduzir facilmente da palavra de Paulo. Leiamos o trecho de carreirinha, com grifos, negritos e colchetes nossos:

<< “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos22. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis23. Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si24; pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais à criatura do que ao Criador, que é bendito para sempre. Amém25. Por isso Deus os abandonou às [nas suas] paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o seu uso natural, por um contrário à natureza26. E semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade [superexcitação] uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a devida recompensa por seu erro27. E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus [e assim proceder], Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm28; estando cheios de toda a iniquidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade29; sendo murmuradores, detratores, irritadores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães30; néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia31; os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem com [e estimulam] os que as fazem32”. >>… [Colchetes e grifos nossos]. É preciso “traduzir” isso? Não está mais do que claro?

Depois de ler cada um destes versos e deixar-se plasmar e pasmar pela tradução óbvia, é bom lembrar que o abandono de Deus não é apenas uma “enviesada permissão” para se cair na gandaia e fazer o que der na telha. Nada disso. Antes de tudo, é o Criador “ficar afastado” daquela alma (“manter Deus afastado de tua vida”), a qual passará a não contar mais com a proteção anímica do Salvador, ficando a mercê de todas as forças subliminares da maldade eterna, as quais trazem à alma os seus mais terríveis inimigos, levando-a a exaustão de suas forças e a uma queda definitiva nas malhas da perdição.

Falando deste modo talvez o leitor não capte bem o que está sendo dito aqui, mas tudo isto significa um final absolutamente trágico para a criatura, pior até do que o fim dos viciados em crack e outras drogas pesadas; porque estes se tornam almas arrastadas à força às clínicas de recuperação (quando têm essa sorte!) ou à sarjeta e, ao final, ao cemitério, em pouquíssimo tempo. Mas podem não chegar a isso. Há uma chance, embora remota. No caso da perdição espiritual, não há retorno. É o fim completo. E fim completo para Deus é a segunda morte, que não significa o fim, mas a transformação eterna da criatura na entidade que a domina (sem dúvida um fim pior que a simples morte). Parece mero pessimismo, porém, infelizmente, é puro realismo.

O problema é que qualquer um pode ver os efeitos danosos do crack em seus usuários, mas os efeitos do homossexualismo não! A própria ciência, influenciada por médicos e cientistas homossexuais (ou mesmo “cidadãos” que gostam de sexo anal com suas esposas, e por isso, “não querem ver mal algum na prática”), tende a negar qualquer dano ao aparelho excretor, e minimizar seus efeitos corrosivos, por conta de tratamentos ditos avançados, sem que nenhuma má notícia seja veiculada na mídia acerca de queimaduras, rupturas, fissuras ou coisa que o valha, e os velhos homossexuais sofrem calados e infelizes. Esta é a verdade. A verdade negada até a morte.

Fantasma atrás de homemAté podemos admitir, a título de imaginação, que nada de mal ocorra, e que o ato em si não resulte em nenhuma incompatibilidade epitelial entre a derme do pênis e a do ânus (este feito para transitar apenas massa, e massa mole, e num único sentido, para fora), e que a prática é saudável e sua sugestão teria sido “esquecida” pela Bíblia! Okay então. Pensemos assim. Porém, quando há um ser humano em jogo, não podemos falar somente de corpos! Porque não somos só corpos! Ao nascermos neste mundo pelo ato sexual de nossos pais (homem e mulher), ganhamos uma alma no instante da concepção – ou da junção do óvulo com o espermatozoide – e esta alma também possui o seu mundo à parte, o qual é, seguramente, mais intrincado e delicado que o mundo físico. Podemos até dizer que sua segurança depende de fatores muito mais complicados (como a interferência de Deus em luta contra os inimigos da alma – os vampiros espirituais ou “macróbios”) e sensíveis, pois estão sempre a depender de decisões da criatura, que nem sempre decide a favor de coisas que lhe façam bem no mundo espiritual. Então o abandono, expresso no texto de Paulo, não é apenas um momento de decisão de Deus, mas uma constante de decisões erradas que afastam Deus da alma, como que dando um NÃO à sua santa interferência e proteção.

Isso deixa a realidade bem clara: um mundo descrente não pode crer que uma alma esteja tão indefesa no mundo espiritual, e por isso o homossexualismo ganha cada vez mais espaço! E pior, o argumento contrário, o da verdade bíblica, acaba sendo menosprezado ou colocado na conta de um fundamentalismo inexistente, o qual serviria apenas para culpar e discriminar homossexuais, sem qualquer piedade e amor ao próximo. Eis aí o retrato da Pós-modernidade!

Agora a bomba estourou: quem quiser defender a verdade terá que fazê-lo na cadeia ou na surdina, temendo agressões dos que se dizem vítimas de homofobia. Nem mesmo o direito de expressão, mola-mestra da democracia, vem mais socorrer aos arautos do Evangelho, que agora sabem que marcham para o fim do mundo, no qual Jesus avisou que haveria perseguição como nunca houve antes, e os cristãos seriam até mortos em nome de sua fé. Resta perguntar: quem será macho e fêmea suficiente para resistir até o fim e ser salvo?…

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