Se você tivesse aquela resposta de Deus

Como não podemos saber o futuro e nem a condição final de nossa alma, CS Lewis fez o papel de Deus e trouxe a resposta que o Senhor daria para nosso questionamento…

No livro “Cartas a uma senhora americana”, CS Lewis discute temas cruciais para a vida espiritual, e assim esse livro perfaz um dos melhores instrumentos de orientação doutrinal para os cristãos. Observe o leitor, entretanto, que a resposta aqui comentada não pode ser alcançada NEM na polissemia da Palavra de Deus, e por isso Lewis ali desnudou a “canonicidade” (por assim dizer) de sua pregação, deixando o seu nascimento (1898) como um verdadeiro nazireado moderno.

O caso se constituiu de uma conversa com uma dama norte-americana, na qual se confabulava acerca da virtual incapacidade humana de se saber como as coisas de fato estão, sobretudo em relação à saúde profunda do corpo, da mente e da alma, pela qual muitas pessoas se angustiam e diminuem sua paz, transformando suas vidas físicas numa sucessão de ansiedades e noites mal dormidas.

A conversa a que me refiro se deu por uma ocasião onde Lewis, a dama ou ambos, estavam se sentindo “acometidos” de determinada fragilidade ou enfermidade, e como que quase se queixavam da obra da Criação, na qual o Homem não podia ter acesso à resposta da pergunta feita a Deus: “Senhor, afinal, eu estou bem ou estou doente?”; ou “eu fiquei curado ou ainda estou me recuperando?”; ou “como está minha saúde física e mental nesta época?”; ou simplesmente “irei morrer agora ou só daqui há muitos anos?”; etc. Como o leitor vê, são perguntas que facilmente chegam à boca de qualquer pessoa, sobretudo quando passando por dificuldades na área da saúde.

Como Lewis tratou a questão? Ele simplesmente foi usado por Deus para oferecer ao mundo a única resposta que NEM deixava o perguntador frustrado, NEM desfazia o plano secreto de Deus de não prejudicar a confiança que cada alma deve depositar nEle. Como Lewis respondeu? Ele tão somente retornou ao perguntador uma outra pergunta: “Se você soubesse que está tudo bem contigo, o que faria ou deixaria de fazer a partir de agora?”

Veja o leitor que a resposta-pergunta de Lewis deixa incólume a Moral cristã, e sobretudo o plano inefável de Deus de conduzir todas as criaturas à perfeição, sem estimular a presunção de ninguém! Com efeito, se a resposta fosse outra (uma positiva, p.ex., uma que dissesse “sua saúde física e mental está 100%”), a alma do indivíduo que a ouvisse poderia se “inchar” de orgulho e julgar-se “merecedora” de tal bênção, até num nível que outras pessoas não mereceram. Se a resposta fosse outra (p.ex., uma negativa: “você está mal e está perto da morte”), isto poderia desencadear uma desintegração mental de tal ordem no íntimo do perguntador que até acelerasse a morte, num sentido que não interessaria nem ao Amor nem à Justiça de Deus.

Todavia, respondendo com a pergunta “se você soubesse que está tudo bem contigo, o que faria ou deixaria de fazer a partir de agora?”, o único caminho deixado para aquela alma é o da humildade total (os humildes têm ótima saúde – não confundir com os “pobres”) e o da exortação à prática da Moral cristã, que de fato quer saber QUE MUDANÇA o indivíduo fará em si para melhorar sua vida e seu relacionamento com Deus e com o próximo. Aí está a pedra de toque da resposta de Lewis, e a prova de sua virtual ‘canonicidade’, pois ela ilumina uma área do plano de salvação que nem as Escrituras iluminaram – pelo contrário, mantiveram-se em segredo em toda a Bíblia Sagrada.

Não é à-toa que sou um apaixonado por CS Lewis, o meu “Jack”, homem que numa vida relativamente curta (ele morreu com 65 anos) dedicou-se de tal modo ao Espírito de Deus que este lhe reservou uma obra só comparável à missão dos escritores canônicos do Novo Testamento. Convido o leitor a ler “Cartas a uma senhora americana” (da Editora Vida: clique no título deste post para ver o livro) e colher, pessoalmente, todos os tesouros preciosos de revelações espirituais da vida de um dos maiores servos de Deus de todos os tempos. E garanto: não será o último livro que o leitor lerá dele (se é que já não leu outros), pelo contrário, será o nascimento de mais um “discípulo lewisiano” a despertar para a sua rica e profunda bibliografia.

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