A (intro)missão direta de Deus para que tudo dê certo

A acusação da ausência de prova de um milagre indica uma miopia que leva os céticos a não enxergar interferências constantes e decisivas para a manutenção da vida.

“Aqui tratamos dos infinitos equilíbrios necessários à manutenção da vida, os quais se mantêm ocorrendo de graça, apesar dos milhões de anos de rebeldia humana à vontade de Deus.”

Estrela de Belém Muito além da promessa carinhosa feita aos seus filhos diletos, aquela de que “todas as coisas cooperariam para o bem daqueles que amam a Deus”, o Criador armou um modelo de estrutura para o universo que se conecta de modo extraordinário, conjugando-se em uma série interminável de ligações e equilíbrios perfeitos para executar a sublime missão: cumprir com perfeição a vontade do coração de Jesus Cristo.

Não adianta procurar por milagres espalhafatosos ou espetaculares, pois apesar da preciosíssima graça da vida, Deus não tem vaidade alguma e muito menos egocentrismo para florear com luzes de neon aquilo que possibilitaria a existência daqueles que foram criados para seu infinito amor. A vida é simplesmente a vida, e Ele nos a deu por um natural gesto de sua humildade infinita, sem jamais sequer pensar em algo visível no futuro como moeda de troca pelo “simples” existir. É como se em Sua própria natureza, o dar-se e o doar-se sejam mera consequência do ser ou de seu Ser, sem que seu amor imorredouro tenha sido planejado para direcionar-se aos seus objetos, conquanto flua sempre cabal e irrestritamente de Seu coração para qualquer coração criado, mesmo que rebelde e mesquinho.

Em razão disso, o que resta como obra planejada é o cuidado incansável para manter a fonte e a fruição do amor em todas as direções, nem que para tanto sejam necessárias séries incontáveis de milagres em cadeia, a maioria dos quais invisíveis para quem não confia nEle. Isto tudo lembra um pequeno trecho bíblico em que o autor diz “Ele tem cuidado de vós”: aqui, a expressão é tão vasta e polissêmica que nenhum ser humano teria alcance para vislumbrar o sentido completo. Mas talvez possamos dar alguns exemplos que permitam olhar pelo buraco da fechadura do coração de Deus, cuja porta se fecha apenas para a maldade pura e simples, sem ser pura nem simples.

Como primeiro exemplo, podemos escolher coisas gigantescas (como as estudadas pela Astronomia) para visualizar um universo no qual tudo indica que a região sideral onde o planeta terra se encontra seria justa e precisamente o lugar onde a vida humana floresceria e duraria, até que o Criador viesse e ali abrisse a cortina final do grande palco terrestre. Além disso, o próprio universo, ou todo o nosso cosmos, seria o único, dentre milhões de universos, onde o ser humano poderia habitar, pois qualquer outro teria uma diferença de milímetros em sua composição fisicoquímica e isto seria o nosso fim ou evitaria o nosso começo. Como segundo exemplo, as condições naturais da vida terrestre geraram o habitat perfeito para a eclosão e manutenção do corpo humano, com todas as medidas exatas a formar o único terreno onde a vida bios seria bem plantada, e assim poderiam ser vistas na terra as mais belas e exóticas criaturas vivas, tanto humanas quanto animais e vegetais, todas interligadas na cadeia alimentar para sua autopreservação. Neste sentido, a temperatura do planeta (entre -50 e +50 graus), junto com a do corpo (+/- 36 graus), auxiliada pela perfeita medida de volatilidade da água, formariam o campo apropriado para germinação de óvulos e espermatozoides, células básicas da vida humana, criada para ser curtida a dois.

Creio que nem será preciso dar mais exemplos… Mas talvez alguns detalhes “íntimos” possam satisfazer às patologias do ceticismo. Assim, a ciência diz que “há o equilíbrio entre os nervos da extremidade da glande e os micro nervos das paredes da uretra: é este equilíbrio que faz o cérebro entender que o alívio sentido com a micção é apenas um alívio necessário; porquanto, se não houvesse tal equilíbrio, provavelmente não sentiríamos o prazer do orgasmo ou gozaríamos toda vez que urinássemos”. Há também o equilíbrio do estado final das fezes, que precisa produzir uma medida “x” de empastamento entre o estado sólido e o líquido, bem como o equilíbrio de temperatura. Se tal equilíbrio não existisse, defecar seria um ato dificílimo: ou expeliríamos algo tão duro que literalmente fragmentaria o esfíncter, ou algo tão líquido e quente que queimaria as veias do reto. E assim sucessivamente… Creio que agora isto basta, pois são incontáveis os exemplos de interferências de Deus para que a vida humana pudesse existir na 3a Dimensão, apesar da nossa rebeldia à vontade do Pai [Eugene Mallowe escreveu um ótimo “ensaio” sobre este assunto, chamado Cientistas sugerem que o Universo foi planejado: clique neste link].

Eis que aqui chegamos ao nosso argumento. Os céticos reclamam de não encontrar provas de que milagres existam. Mas será verdade, ou será cegueira? Seria esta alegação a mais ingrata realidade ou a mais preguiçosa das ignorâncias? [A leitura do livro “Milagres” e também do livro “O Milagre do livro ‘MILAGRES’” será a melhor atitude agora].

Com efeito, nenhuma instância de vida poderia subsistir, seja em que universo fosse, sem que alguma vida preexistente e imortal lhe emprestasse energia suficiente para vencer todos os obstáculos e revezes apresentados pela entropia das dimensões inferiores, dentre as quais está toda a matéria física que conhecemos. Noutras palavras, nada existiria de concreto (pelo nosso conceito de concreto) que durasse tempo suficiente para ser percebido como objeto físico, e assim não veríamos matéria alguma, pois ela escaparia ao nosso olhar antes de chegarmos à consciência de sua concretude (lembre que a consciência levou milhões de anos para se firmar e perceber qualquer firmeza, inclusive a sua própria). Lembre também que a entropia continua reinante neste universo, o que prova duas coisas.

1a ) Ou o universo não foi feito para durar muito (embora dure muito mais do que podemos imaginar e/ou suportar);

2a ) Ou alguma coisa aconteceu neste universo que lhe precipitou na roda-viva sem fim da auto-aniquilação. Eu aposto nas duas, mas boto mais ouro nesta última.

Assim sendo, a melhor opção para os céticos ‘captarem’ o sentido e entenderem estes dois itens, seria a leitura do livro “Mere Christianity”, aquele cujo título foi mal traduzido para nossa língua e passou a se chamar “Cristianismo puro e simples” (O Cristianismo não tem nada de simples).

Moises no Monte SinaiEnfim, é preciso que se diga que a profusão de micromilagres constantes no cotidiano pega desprevenidos (e literalmente despreparados) até os mais renomados cristãos, pois quando qualquer quantidade é incontável, quase sempre o é porque pouca gente enxerga todos os números dela. Não há contradição alguma em dizer que nem mesmo os bons cristãos enxergam todos os milagres de Deus, não apenas porque Ele não faz a mínima questão de aparecer (ou de parecer um mágico de circo, que adora aplausos da plateia iludida), quanto porque não há olho algum no universo tridimensional que possa contar estrelas ou átomos, e assim grande parte das coisas são ocultas. Os toques e retoques sutis do Criador se encontram na mesma categoria de coisas, e nossa cegueira é a mesma.

A “intro-missão” direta de Deus para que tudo dê certo é uma realidade assombrosa, mas ao mesmo tempo maravilhosa, que cada cristão levará carinhosamente “do lado esquerdo do peito”, como cantou o Milton Nascimento. Trata-se da mais ousada forma de demonstrar carinho e cuidado de um Pai aparentemente ausente para com seus filhos presentes no Seu sagrado Coração. A acusação da ausência de prova dos milagres pode se constituir na mais desastrosa miopia da Humanidade, doença herdada diretamente da rebeldia adâmica e certamente incurável nesta vida. É por isso que devemos orar sem cessar pelos céticos, pois eles estão tão perto e tão longe de ver, tanto quanto estão longe e perto os infinitos manuseios de quem lhes fez marionetes da descrença.

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