Por que o programa “Largados e Pelados” é um absurdo anticristão?

Com a certeza científica e hoje também religiosa de que Deus desejou e planejou a Evolução humana, não há como aceitar que casais fiquem nus e desprotegidos nas mesmas condições em que a Humanidade estava antes do tempo das cavernas!

A Televisão a cabo ou por assinatura exibe, pelos canais Discovery, uma série de aventura e sobrevivência chamada “Largados e Pelados”, na qual um casal – ou vários casais – protagonizam cenas reais vividas nas piores condições de contato com a “Natureza bruta”, as quais vão desde dormirem ao relento (muitas vezes debaixo de chuva e acossados por formigas, escorpiões e cobras), até caminharem quilômetros sobre pedregulhos com os pés descalços, muitas vezes par e passo com o perigo presumido ao lado de leões e ursos, sem falar na nudez explícita (coberta por tarjas de estúdio) que obriga os personagens a buscar folhas e cascas de árvores para se cobrir o mínimo que seja.

Mas o seriado é um sucesso. Sobretudo para os marmanjos que sonham em ver de relance peitos e bundas desprotegidos, embora emagrecidos e imundos pelas duras condições do desafio de “sobrevivência” ali alegado. Não há informação sobre remuneração financeira para os aventureiros, e muito menos do lucro advindo da audiência desta verdadeira arena romana, onde leões comiam santos e acusados diversos de delitos contra o Império.

Muitas vezes se vê homens e mulheres desistirem do desafio precocemente, quando seus corpos não suportam mais ser violentamente atingidos pelas duras condições da “natureza bruta”, que fazem parte das regras impostas pela direção/produção do seriado. Então se vê cenas de vômitos, febres altas, diarreias impagáveis pela ingestão de água contaminada, inflamações perigosas de germes desconhecidos, enfim, um festival de horrores que só pode agradar aos lunáticos de plantão, aos sadomasoquistas (aos tarados que sempre sonham em ver um pinozinho qualquer) e aos alienados, que jamais acreditaram ou imaginaram que Deus desejou e planejou o ser humano para evoluir, das piores condições naturais para uma vida higiênica, com os confortos da tecnologia por Ele inspirada.

Para o leitor ter uma ideia, as situações deprimentes e aflitivas porque passam os concorrentes é tão séria que nunca jamais se viu um homem daqueles, um aventureiro do tipo “sobrevivencialista”, se “empolgar” sexualmente por nenhuma mulher nua a seu lado, por mais bela que seja a sua parceira e por mais solteiro que o casal seja! Sem falar na fedentina que a TV não reproduz, graças a Deus (senão ninguém assistiria esta imundice!), a qual é fácil deduzir de 21 dias passados sem qualquer banho decente, sem qualquer asseio anal após as “evacuações sujeitas a mosquitos incômodos”, e denunciada pelos rostos sujos e enegrecidos de fuligem, areia e lama.

Com efeito, o final da temporada sacrificial de 3 semanas sempre mostra corpos esquálidos e imundos, a sensação de alívio “sobrenatural” e o quase pedido de socorro que todos guardam na garganta, caso o desafio durasse mais um dia! Da mesma forma, todos voltam para suas casas como verdadeiros herois, quando muitas vezes precisam ir ao hospital para “conferir as condições do organismo” após tão tresloucada aventura. É aqui que nosso artigo começa.Não faria sentido algum imaginar um Deus de amor que não tivesse desejado e planejado levar seus filhos à perfeição, como assim se expressou CS Lewis em sua “Trilogia Espacial”. Num mundo decaído, a “perfeição” jamais alcançaria o padrão de Deus, ou mesmo a estatura de Cristo, uma vez que a mancha do pecado e os vícios diários impedem qualquer possibilidade de o Reino “moralista” de Deus agradar a pecadores, e por isso a perfeição terrena teria que ser “o melhor que alguém poderia ser” (como os santos e mártires, que também tinham mancha de pecado) e o melhor que a inteligência alcançaria, e é aqui que a tecnologia das máquinas foi inspirada por Deus (para ajudar a Humanidade a atravessar o difícil deserto da morte espiritual), sem a qual viver na Terra seria impraticável ou um inferno antecipado.

E há muito mais razões para Deus ter inspirado e ajudado a implantar no mundo a tecnologia ensejada pela Evolução, a saber:

(1) A maior carência da Humanidade após a Queda foi justamente a entrada de doenças no planeta Terra, até então incontaminado e sadio, e por isso a maior evolução teria que abarcar toda a Medicina, a começar da indústria farmacêutica até à automação dos centros cirúrgicos, da rapidez do atendimento aos “anestésicos antirreativos”, ensejando cirurgias 100% indolores e “ressuscitação” estatisticamente segura. Então podemos perguntar: como alguém poderia supor que Deus não desejasse a Evolução? Pior: como os cristãos poderiam se levantar contra a realidade da Evolução, quando esta lhes beneficiou até na confecção de bíblias e seu alastramento pelo mundo inteiro?(2) Como alguém não enxerga que sob quaisquer circunstâncias a analisar, TOMAR UMA PÍLULA é muito mais fácil (rápido, indolor e sem gosto palatável) do que comer as sementes, raízes ou plantas que fariam o mesmo efeito? Como a consciência humana negaria o conforto de plantas sintetizadas em laboratório e manipuladas tecnicamente para obter os mesmos resultados que fariam suas sementes no organismo, com a vantagem de chegarem ao estômago com toda a higiene requerida pela OMS? Como supor que Deus não planejou e não capacitou os técnicos e os químicos para fazerem justamente isso? Quem de nós não prefere tomar uma pílula do que mastigar uma planta que uma tradição popular ou indígena consagrou?

(3) A assepsia mais profunda das edificações submetidas aos sistemas de descontaminação, bem como o afastamento dos ambientes interioranos e a higienização das metrópoles e moradias, fez diminuir espantosamente o número de doenças associadas aos germes da terra, da água contaminada e da convivência com animais no campo; sem falar da higiene pessoal, sobretudo das mulheres, evitando a transmissão de parasitas e patologias contagiosas, praticamente erradicando a maioria das endemias de outrora.

(4) O conforto das edificações modernas das empresas, permitindo a execução precisa de tarefas complexas em tempo exíguo, o que enseja um maior tempo para a família, para estudos bem fundamentados, para viagens culturais e diversionais, para a prática de atividades físicas, etc.

(5) O conforto das edificações modernas dos lares, não apenas na segurança contra intempéries, animais e marginais de toda espécie, mas também na oportunização de conhecimentos os mais diversos e profundos, devido os avanços citados ensejarem um maior tempo para estudos e pesquisas, coisa impraticável a seres humanos quando se tem preocupações com sua segurança pessoal, alimentar e financeira, requisitos já vencidos pela modernidade quando brindada pela bênção de um governo conservador moralista, cristão e nacionalista.

(6) Etc.

Sem a Evolução humana, ou sem o progresso da técnica e da inteligência, o próprio plano de Deus poderia naufragar, uma vez que as condições sub-humanas da Era das Cavernas não permitia nenhuma outra preocupação de vida, exceto a de arranjar abrigo e alimento para a família e para si mesmo, obrigando a ocupação do tempo inteiramente com a luta pela sobrevivência, não restando tempo algum para tarefas de elucubração e meditação. Sem estas tais, a Humanidade ainda estaria a caminhar descalça com pés e mãos calejados, a comer alimento sem higiene alguma e cheio de bactérias perigosas ao organismo. Enfim, se a Humanidade fosse abandonada e entregue a si mesma após o desastre da Queda, as únicas coisas que o Criador colheria no fim dos tempos seriam porcos idiotizados pela bestialidade do viver coletivo dos instintos, ajudados pela própria imundice da grande pocilga em que o planeta se transformaria.

Graças a Deus o Senhor é misericordioso e não nos abandonou, cuidando para que nossa própria mediocridade rebelde produzisse resultados práticos proveitosos, e combatendo o inimigo das almas DENTRO de seu próprio “front”. Penso que o diabo jamais imaginou que o amor e o poder de Deus trabalhasse de modo tão eficiente com almas danificadas pela Queda, e certamente entrou em desespero quando percebeu que o Pai não abandonou seus filhos, pelo contrário, continuou a ajudá-los sublinarmente, e agora ao lado deles, inventando soluções nas suas próprias fraquezas e orgulhos patéticos.Deus viu que quem tem orgulho, mesmo sendo uma alma muito má, pode ser levado a se sentir estimulado a agir bem, ou a pensar bem, e criar coisas úteis para a sociedade decaída em redor. É como um professor que, sabendo que um menino chamado “José Nobre” fez uma imoralidade prejudicial à sua escola, chega para ele e diz: “isso não é coisa que um Nobre faça!”. Ou seja: o mestre usou o orgulho do sobrenome para suplantar o orgulho da exibição perante os outros “rabos de burro” de sua turma, instilando na consciência do jovem um sinal de alerta contra atos desabonadores de sua boa fama em casa e na escola.

Finalmente, o programa “Largados e Pelados” empurra integrantes de uma Humanidade já evoluída (e acostumada aos confortos e benefícios do progresso da inteligência) de volta à barbárie de tempos imemoriais, nos quais a mente primitiva sabia até lidar melhor com a natureza bruta e os animais selvagens perigosos. Obrigar homens e mulheres de pele fina – e acostumados aos confortos e seguranças de seus lares – a passarem mais de 20 dias sob um ambiente selvagem, sem qualquer proteção (exceto dois itens de sobrevivência até certo ponto “pouco úteis”), pode ser a demonstração do pior espetáculo realístico jamais apresentado aos olhos humanos, seja aos dos macacos que fomos, seja aos dos macacos que continuamos sendo.

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