SEMANA LEWIS 2019 – “Fim da teologia cristã”

Toda a Teologia Cristã cairia por terra se o Purgatório não existisse!

Uma revisão mais criteriosa e mais depurada constatou que nada de inspirado na Bíblia sobreviverá se a “ideia de Purgatório” for removida da Teologia Cristã, e pior, muitos cristãos não veem isso…

O Novo Testamento foi escrito e compilado muito depois de ter nascido, no coração humano, a crença num mundo post mortem. Aliás, esta crença sobrenatural já existia, segundo cientistas da área de primatologia e arqueoantropologia, já no tempo das cavernas, milhões de anos antes de Adão e Eva. Nenhum macaco inteligente se postava diante de um colega morto sem lhe dirigir “grunhidos sofridos” (primitivos mantras ou rezas balbuciadas), e estas rezas se tornaram costume na hora de “enterro de macaco”, impropriamente dito. Mas por que a crença num mundo dos mortos invadiu o coração humano tão cedo e desde cedo?

Tudo indica que as cavernas não eram locais fáceis de acomodar animais racionais que não enxergavam apenas as suas paredes de pedra, ou que as viam pensando se havia alguma câmara natural oculta entre as pedras, uma nova caverna, um corredor secreto, um espaço de entrada para estranhos, enfim, algo além do mero vão central onde hospedaram seu “lar”. O próprio cair da noite trazia seus fantasmas em cada sombra indefinida, em cada som da escuridão, e o sono só chegava após decisão dos adultos que revezavam a vigiar a entrada que, muitas vezes, era a única rota de fuga que tinham.

Daí a acender a imaginação para outros seres vivos a dividir aquele espaço, mesmo do outro lado das pedras, foi um passo relativamente fácil. Não por culpa da noite e muito menos da caverna, mas por causa do próprio coração humano, emotivo, intuitivo, imaginativo, de há muito inseguro e por tudo isso temeroso, desde que a trágica decisão de ouvir “o outro lado” terminou no castigo do Éden e no salário do pecado citado na Carta aos Romanos. Enfim, dentre os inúmeros frutos da desobediência adâmica vieram os caroços da entropia e as raízes da depravação, que agora atraía também agentes psíquicos invisíveis. Não demorou muito para estes agentes deixarem sinais de influência além da vida.

Quando o primeiro primata racional pós Adão morreu (a Bíblia chama ele de Abel), o fantasma de seu sangue passou a murmurar das entranhas da terra e, embora ele fosse a mais fina flor do coração de Deus, sua aventura precoce no Além não foi capaz de impedir a imaginação de pensar no outro lado e no destino dos mortos. Então ali nascia a primeira consciência de um outro lugar possível, uma outra “dimensão”, muito além dos espaços vazios não descobertos no interior das cavernas.

O que o homem primitivo não tinha condições de imaginar e muito menos de saber era que Deus já havia criado “um outro espaço” – por assim dizer – específico para seres malignos, ou para aqueles cujo coração havia se rebelado contra Deus pelo diabólico “vazio interior da presunção”. Por óbvio, Deus só havia criado um único espaço, o espaço do Bem, pois até Ele mesmo custou a crer que algum mal pudesse brotar em meio ao infinito amor de seu Reino. Sim, Ele sabia que o mal tornar-se-ia possível com a nova geração de criaturas 100% livres, cujo coração tivesse plena liberdade de querer ou não querer a Sua companhia. Mas o espaço apropriado para o destino dos rebeldes só foi criado após a rebeldia inaugurada por Lúcifer. Até aquele momento de loucura de seu arcanjo maestro, Ele “apostava” que tal coisa não ocorreria, por assim dizer.

Mas então Ele criou aquela dimensão própria para anjos caídos, e nunca mais criou qualquer outro lugar semelhante para seres malignos. Quem quer que agisse mal e fosse anjo, já teria o seu destino prévio decretado. Quem não fosse anjo, só chegaria àquele lugar após TODAS as provações e opções ensejadas por sua vida física e pela fraqueza carnal que reduz a profundidade da queda. Com efeito, se um ser humano caísse, por sua fraqueza carnal e por sua “precariedade ontológica”, não seria nada justo permiti-lo cair no mesmo lugar dos “todo-poderosos” anjos, que tinham poder de auto regeneração ilimitado e consciência indefectível, e por isso culpáveis para sempre. Seres de carne e osso simplesmente “ficariam” desencarnados “ao limbo” (seria a própria região dos seres sem carne), uma outra dimensão após a morte, porque Deus não poria na mesma cela infratores de pequenos delitos com bandidos de alta periculosidade. Esta seria a diferença entre o inferno e o Hades.

Deste modo, já estavam no multiverso várias dimensões de habitabilidade para todos os “biotipos” da Criação: (1) Anjos, querubins e serafins no astral superior do Paraíso Celeste; (2) Devas, Demiurgos e Demônios no astral inferior da escuridão (Tártaro); (3) Animais racionais e irracionais, em suas várias categorias planetárias, ficariam na superfície ou subsolo de esferas enormes chamadas planetas; nesta categoria é que estariam os ETs; (4) Almas de animais racionais, ficariam no “Vale da Sombra da Morte”, título dado pelo salmista para a “região dos mortos”, ou Hades.

Acima resumida meio toscamente, a ontologia da Criação certamente é muito maior e muito mais complexa do que podemos supor, e a rigor não se trata do assunto propriamente dito deste artigo. A lista acima apenas tentou explicitar os assim chamados “ambientes ontológicos” onde os seres criados habitam, alguns dos quais são de conhecimento científico ou religioso, conforme o caso. Mais importa para nós o conhecimento bíblico e o que nos informa a Revelação. Para esta, há pelo menos 4 (quatro) ambientes “habitacionais” na Criação, a saber:

  • Céu, ou Paraíso, ou Reino de Deus;
  • Mundo, Terra ou Tellus (os planetas habitados);
  • Inferno, ou Tártaro, ou Lago de Fogo;
  • Hades, Abismo (ou “Vale da Sombra da Morte”) ou Mansão dos Mortos.

A partir desta informação dos ambientes criados para a habitabilidade dos seres viventes, a Teologia Cristã pode se desenvolver sem medo de errar, seguindo a lógica bíblica da Revelação de Deus, de seu Espírito e de seu Filho, nosso salvador.

O assunto deste artigo começa quando vemos que a Criação de Deus não foi feita como os homens preguiçosos e desorganizados fazem suas coisas, sempre correndo o risco de imperfeições e desastres, e caindo nas frustrações que sua desorganização produz. Deus é perfeito e, pela lógica, toda a Criação seria perfeita, e isto significa que a imperfeição só apareceria a partir do Livre Arbítrio por Ele concedido às suas criaturas, mas tudo o mais manter-se-ia perfeito como perfeitas são as mãos de Deus.

E foram essas mãos gloriosas que construíram toda a infra-estrutura da Criação, incluindo aí a geografia ou a “topografia”, dos lugares celestiais, de tal modo que somente Deus poderia desfazer suas próprias obras (mas o Perfeito não desfaria jamais a perfeição de suas mãos).

A perfeição obviamente promoveria a – e se pautaria na – Justiça Divina, sendo o Senhor o Juiz Justo de toda a Criação, espalhando sua Justiça em todos os lugares celestiais, sem qualquer alteração promovida pela imperfeição de suas criaturas.

Logo, a Justiça estaria refletida e fundamentada na própria estrutura da Criação, e nenhum ato injusto de qualquer criatura desfaria a estrutura justa imposta por Deus, e Sua Justiça sempre venceria ao final de todos os processos.

Isto é particularmente verdadeiro no que se refere aos “tribunais e locais de execução das penas” pelos pecadores, porque a divisão é a única coisa inevitável quando o pecado se instala, e nem mesmo Deus quer a união com almas malignas: dada a necessidade de separação do joio e do trigo, obrigatória para a soberania da Justiça, Deus não encontrou outro meio senão o de criar o Tártaro e o Paraíso, ambos intermediados pela dimensão planetária onde a Terra se constitui ao mesmo tempo como matéria e espaço (dependendo da ontologia de cada ser que a habita ou visita), na infra-estrutura criacional.

Entretanto, como as almas dos homens não poderiam sair da Terra e ir direto pro inferno (que foi feito exclusivamente para anjos), o espaço de sobrevivência após a morte física seria outro, por óbvio, salvaguardando a lógica de julgar com Justiça os pecados daquelas almas. É por isso que a Bíblia fala de “ressurreição para o Juízo”, pois Deus só condenaria uma alma após um justo julgamento perante todos. Então fica no ar a pergunta inevitável: se os homens morrem e não vão pro inferno que só será aberto às almas humanas após um justo julgamento, e se ainda não podem ir pro céu porque ainda não foram 100% purificadas (no Céu só entra santos), então em que lugar ficarão as almas desses homens?

Aqui está o segredo e a resposta óbvia: os homens após a morte estarão no ambiente apropriado para se corrigirem, se purificarem e se santificarem, e eles mesmos não irão querem entrar num Céu de seres 100% puros e correrem o risco de contaminarem as almas inocentes dos santos. Este lugar a Bíblia chamou de “Vale da Sombra da Morte” (Salmo 23,4), ou “região da sombra da morte” (Isaías 9,2), ou “mansão dos mortos” ou outro nome qualquer. Logo, toda a Teologia Cristã cairia por terra se o Purgatório não existisse, ou se a Bíblia não fosse verdadeira.

Mas se a Bíblia fosse falsa, e o ateísmo fosse verdadeiro, e as almas nunca se decidissem por Cristo, seriam mesmo assim salvas no Purgatório. A Bíblia poderia ser uma tremenda mentira, mas o Purgatório justifica a Bíblia, pois Deus não precisaria advertir as almas caso sua salvação dependesse apenas da fé.

Se todas as bíblias do mundo sumissem, não seria problema algum para a salvação das almas, pois o mesmo juízo se daria no Além, com as mesmas culpas e inocências, com as mesmas verdades e sentenças da doutrina do pecado.

Mas se houvesse somente céu e inferno, e nunca tivesse havido uma bíblia no mundo, todo o plano de Deus seria injusto, pois condenaria sem avaliar direito, sem avaliar de modo completo a maldade de uma alma.

O Novo Testamento passou 300 anos para nascer. Neste intervalo, e durante sua própria vida, Jesus nem se preocupou em escrever nada, pois, conhecendo o Purgatório, sabia que o Juízo de Deus estava intacto, e que a Justiça se completaria com perfeição após a morte.

No tempo em que não havia ainda o Novo Testamento, como os judeus e os primeiros cristãos entendiam a Justiça de Deus? E por que a ideia de um Purgatório nasceu? Porque estava evidente, a qualquer escriba ou doutor da Lei, que uma alma ser condenada pela simples tentação da carne ou pela mera falta de fé, seria uma tremenda descaridade, mostrando um deus vingativo e sem misericórdia. Logo, o Purgatório “completa” com perfeição toda a Justiça divina, e retira a calúnia de que O Senhor seria um deus que se agrada em ver a condenação das almas. Por conseguinte e por óbvio, se o Novo Testamento nunca tivesse sido escrito, as almas seriam salvas no Purgatório, sem qualquer prejuízo pelo “período de vida física não computado” na história de cada alma.

Se Jesus nunca tivesse vindo à Terra, as almas seriam salvas no Purgatório. Então o Novo Testamento, a rigor, seria até “desnecessário”, já que o período de tempo indeterminado no Purgatório cumpriria a Justiça não computada na vida física. Por isso, Jesus se despreocupou em escrever alguma coisa e também se despreocupou com o destino das almas na carne, pois o destino de todas elas já está posto para decisão no Além, sendo a Terra apenas um breve período de avaliação de pecados carnais. O restante do período de avaliação para seres de vida tão curta como a nossa (lembremos que não existe reencarnação) se dará no Além, lá onde as almas não terão a desculpa de dizer que “a carne é fraca”.

 

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