A terapia da dor para cérebros danificados

Após contrair o Mal de Alzheimer, experiências comprovam que em certos casos o único contato com a realidade presente no paciente é a experiência da dor, para desespero dos teóricos pós-modernos.

Um dos mais graves erros da Ciência pós moderna é atribuir exatidão irretorquível às descobertas de sua própria época, e atribuir errância inexorável às descobertas antigas, como se a Antiguidade ou a “Humanidade medieval” não passasse de um aglomerado de idiotas ao sabor das intempéries, e vítimas da ignorância. Todavia os “pós doutores” de hoje esquecem que o corpo humano, o cérebro humano e sobretudo a alma humana, QUASE NÃO SOFREU ALTERAÇÃO NENHUMA desde a sua Criação, e por isso aquilo que a intuição descobriu pode ter a mesma exatidão de fatos matemáticos comprovados em laboratório.

Um desses “fatos empíricos” descobertos pela intuição e pela lógica é a desatenção psicológica que o cérebro, voluntária ou involuntariamente, assume no incremento da vida desregrada, ou seja, na crescente surdez promovida pela prática viciada do pecado, e na sua virtual petrificação no universo interior do pecador, numa espécie de “autismo derivado” (a princípio consciente e ao final inconsciente). Isto tudo significa que, qualquer um de nós, após 40, 50 ou 60 anos de pecado, estamos trilhando o caminho do “autismo pecaminoso”, e um dia virá que precisaremos de uma realidade de choque para “acordarmos” outra vez nosso espírito, então embotado sob toneladas de vícios, ou soterrado sob um único “vício alfa” e dominante de nossa personalidade! (Neste sentido, estaremos ali à beira da morte anímica ou do suicídio).

Entender o que seria uma “realidade de choque” não foi nada difícil para o homem antigo, dada a crueza da realidade vivenciada com animais, e dada a ausência, no mundo inteiro, do “relativismo moral” que o Politicamente Correto encampou. A vida cotidiana apresentava casos riquíssimos de lições extraídas da convivência com cachorros e cavalos, para não falar de macacos e golfinhos. Todo o plantel de bichos de fazenda ou domésticos, que aprendiam solenemente o comportamento adequado à vida em sociedade com humanos, demonstrava vantajoso aprendizado pela moral inflexível, e nenhum revés reclamável pelo vitimismo e falso moralismo dos ambientalistas modernoides.

Maços de jornais têm dupla função: assustam ao bater e não doem.

Noutras palavras, cavalos surrados com moderação (ou até com carinho) e cães apenados com “palmadas de papel”, em rápido tempo aprendiam a lição e se comportavam “como gente”, e também recebiam o bom prêmio por sua disciplina. Mas o problema é que para um animal, o simples susto da ameaça era suficiente. O mero barulho das palmadas de papel (dadas com maços de jornais ou de folhas de palmeiras) levavam os cães a entender o que seus donos queriam. Porém isso não ocorria com humanos rebeldes vitimados pelo autismo voluntário de seus pecados! Era ali que a porca torcia o rabo.

O humano sabe distinguir bem a ameaça da dor, e a dor da ameaça que não dói. Além do mais, o problema do humano não está na doença ou no dano cerebral em si, mas na rebeldia da vontade egocêntrica, que teima em sobrepor-se sobre tudo e sobre todos, independente do resultado ser letal ou destrutivo para a vida alheia. Neste caso, as palmadas de papel não adiantam (são inócuas), e muito menos um tratamento somente à base de ameaças. O homem rebelde precisará sentir dor. Este é o problema. Pior: é a isto que a pós modernidade se opõe.

Assim sendo, temos que voltar à única fonte 100% confiável dada à Humanidade: a Palavra de Deus. O que diz a Bíblia sobre o uso da dor como corretivo humano? Creio que a resposta é positiva, isto é, que “a dor é útil e pedagógica”. A Bíblia propõe este “tratamento” até para crianças! Diz que se os pais tirarem “a vara” das costas das crianças, poderão um dia ir buscá-las nos hospitais! (Provérbios 22,15). Diz que a vara pode livrar as almas de seus filhos do inferno de fogo (Provérbios 23,13-14). Diz que se os filhos forem educados conforme a disciplina, ainda quando ficarem velhos não se desviarão do caminho do bem (Provérbios 22,6). Enfim, são muitas as passagens onde a “disciplina pela dor” é valorizada, sem qualquer vitimização ou “mimimi” do politicamente correto. Sim. Mas, e quanto aos adultos?

“Ou este livro me afastará do pecado ou o pecado me afastará deste livro”.

A resposta está aí acima: adultos rebeldes e problemáticos são justamente aquelas crianças que não foram disciplinadas na infância por seus pais, igualmente insubmissos a Deus, e agora terão que sofrer como adultos! Esta regra é universal, democrática e 100% infalível. Não temos nenhum receio de que o leitor tente provar isso e não consiga as provas. As provas virão aos borbotões e aos montes, e você passará a desconfiar dos livros de pedagogos e psicólogos atuais. Todos estes parecem ter nascido para desqualificar a Escritura Sagrada, e contradizer a Pedagogia milenar do pensamento judaico/cristão. Aliás, basta começar examinando a vida infantil e escolar dos judeus, assim como a dos colégios militares e internatos confessionais de futuros sacerdotes. Em todos eles a disciplina é a mãe da honra e o pai do sucesso profissional.

Pois bem. Mas adiantemo-nos agora até chegar na experiência com adultos pacientes do Mal de Alzheimer. Teremos autoridade no assunto não como médicos ou psiquiatras, mas como cuidadores de idosos nesta condição. Em minha casa, a experiência calamitosa se dá com nosso pai, vítima de Alzheimer profundo, já há 5 anos; e nossa mãe com Alzheimer “leve”, há dois anos. Como chegamos à dedução aqui exposta na experiência com eles?

Nosso pai foi um homem comum, que mergulhou no pecado desde muito jovem, e ainda o coroou com uma descrença ferrenha em Deus, no pior dos “ateísmos rancorosos” de que se tem notícia (ele massacrava os filhos crentes, ainda que sem bater neles). Seu ateísmo foi tão “incisivo” que fez minha mãe abandonar, primeiro a igreja, e depois a fé. Pior: seu ateísmo NUNCA foi alterado, e ele “morreu ateu”, por assim dizer, se pudermos chamar o Alzheimer de “morte cerebral”.

Ora; o Alzheimer de quem foi ateu a vida inteira se assemelha ao suicídio de Judas Iscariotes. Porque se este, ao invés de amarrar uma corda no pescoço, tivesse ido a Jesus pedir perdão ARREPENDIDO, não teria morrido tão jovem e tão medonhamente. Assim, se o ateu tivesse se arrependido quando ainda estava LÚCIDO (que é o único arrependimento válido para Deus), Deus o teria impedido de chegar ao Alzheimer, ou o levaria antes, como cremos que ocorre com muitos cristãos idosos. Porquanto não há sentido algum em Deus promover a sobrevida de um “morto vivo” entre os vivos, apenas para atrapalhar o cotidiano normal da família vitimada, quando o Senhor sabe que aquela sobrevida não terá nenhuma utilidade para o doente (já que não ouve mais nada, não entende mais nada e não poderá se converter: a salvação vem pelo OUVIR – João 5,24 e Romanos 10,13-17). Logo, a sobrevida da vítima do Alzheimer só se justifica em caso de missão para a família, quando o paciente for um cristão. No caso de ter sido um ateu a vida inteira, e nunca ter se arrependido quando lúcido, sua doença só tem sentido se for um castigo ou maldição para a família. É duro mas é verdade. E os cristãos não podem fugir da verdade, doa ela em quem doer.

Com efeito, daqui podem advir muitas provas auxiliares destas constatações, embora cada família vitimada tenha que analisar caso a caso, pois este é o padrão da realidade terrestre surgida a partir do pecado original. Senão vejamos.

Na nossa experiência diária com o pai doente, percebem-se 3 (três) coisas chocantes e desesperadoras:

  1. O ateísmo continua, porque ele ri sarcasticamente de filmes evangélicos ou católicos. Isto significa que o diabo venceu a guerra, pois o idoso não teria se arrependido até o tempo em que ainda tinha alguma consciência. Foi rebelde até perder a consciência, e ninguém sabe o que ele fará quando recobrar a consciência dentro do Purgatório, e Deus sabe que ele nunca se arrependeu de nada.
  2. O nome “diabo” está sempre presente em seus lábios, num vício de praguejar herdado desde os tempos de ódio aos padres que o evangelizaram. Quando está alegre ele diz “isto é bom como o diabo”; quando está com raiva diz “vá para o diabo que o carregue!”; quando ouve um barulho diz: “que diabo é isso?”; ou seja: o cérebro danificado pelo Alzheimer não arrefeceu o vício, pelo contrário, tornou-o preponderante.
  3. Não escuta nada nem ninguém, exceto o que está dentro de sua própria cabeça, como se ele vivesse eternamente aprisionado numa realidade onírica. Pior, e aqui está o nó cego: as únicas vezes em que parece “aterrissar” na Terra e escutar alguma coisa fora de sua cabeça, é quando precisou ser tratado com vigor, como por exemplo, quando precisou ser internado e o hospital teve que chamar 4 maqueiros fortes para forçá-lo a se deitar.

A partir de então, e com a acuidade devida, viu-se que quando seus punhos são segurados com força para forçá-lo a se deitar ou a se sentar numa privada, sua consciência retorna e ele imediatamente diz que está doendo – mas não está – ou que estão massacrando-o, quando não está ocorrendo nada disso. Percebeu-se então que este comportamento é um maldito vitimismo, associado a uma canalhice ou sacanagem, mostrando ser capaz de “fingir” quando a consciência volta por alguns segundos.

Pior: quando foi preciso tirar uma tesoura das mãos dele com veemência (ele podia ferir a mamãe), ele nos acusou de o estarmos tratando com violência, e que éramos muito cruéis com ele. Mas agora ficava claro o jogo secreto: a consciência “volta” quando algum “sofrimento” lhe parece ou lhe aparece no meio do autismo pétreo, como se somente a dor ou o medo da dor lhe ‘acordasse’ para ESCUTAR, VER, NOTAR – e até reclamar – algo além de sua própria mente, aparentemente mergulhada num egocentrismo onírico. (É bom reler este parágrafo, pois é muito detalhístico).

Agora começamos a entender o tratamento dado pelos antigos aos casos de “caduquice”, autismo e outros “sumiços da consciência”, incluindo aqui as possessões diabólicas. Ora: os tais “inconscientes”, digamos assim, não passam de cérebros mergulhados em si mesmos, em processo de fechamento completo na dimensão do Além, caso ninguém consiga “acordá-los” de seu sono narcisista “auto-hipnótico”. E o que restou de “contato real” para colocá-los de novo em sintonia com a realidade são seus corpos físicos, cuja sensibilidade não é retirada nem pelo Alzheimer, nem pelo autismo e nem pela possessão (isto é, Deus é tão bom que não retira a sensibilidade dos corpos humanos à dor, deixando esta única porta de acesso à realidade, antes que um apagão definitivo faça extinguir o último “sopro de vida” daquela consciência diante de Deus).

Então os teóricos pós modernos, entre psicólogos, psiquiatras, pedagogos e outros “gogos”, andaram ensinando tudo em contrário à experiência histórica dos antigos “curadores e curandeiros” (além de antigos médicos), os quais obtinham bons resultados altamente positivos de recuperação de possessos e outros pacientes inconscientes, quando meramente reapresentavam a eles a realidade nua e crua, na qual a dor é o fator mais “despertador” da consciência. Veja como até eu e você, conquanto estejamos vivendo “a alienação nossa de cada dia”, passamos a orar muito mais quando estamos sentindo dor, ou mesmo em vista do medo de uma dor vindoura, ou quando entramos num avião e sentimos medo de que ele caia. Ou seja, a dor é um instrumento de despertamento da consciência, seja lá em quem ela aparecer, seja em que hora chegar. CS Lewis dizia mesmo que a dor “é o megafone de Deus para despertar um mundo surdo” (repare em “um mundo surdo”: tem coisa mais parecida com o dia a dia do Alzheimer?)…

Logo, tentar levar a convivência com um paciente inconsciente sem aplicar-lhe nada que o faca retornar à realidade física do cotidiano, deve ser encarado como um ato de descaridade, o qual vai desde a promoção do inferno na vida dos cuidadores, até o fechamento daquela alma no inferno de seu próprio cérebro estragado/sucateado, não dando nenhuma chance de recuperação para sua vítima. Sem nenhum contato com a realidade, o único destino lógico de tais pacientes seria a morte, o que leva os cuidadores e orarem neste sentido, muitas vezes junto com a família. Muitos países possuem leis que aprovam, para estes casos de inconsciência irreversível, eutanásias ou desligamento de máquinas de manutenção da vida, quando o paciente já foi pro hospital.

Finalmente, a melhor sugestão seria, sem titubear, reestudar as razões teológicas e filosóficas de aplicação da terapia da dor pelos médicos antigos, sem o pré-conceito de culpar o sofrimento como inútil em todos os casos. Abandonar o politicamente correto e a falsidade das alegadas políticas de direitos humanos, quando cada homem deve ajudar outros homens a serem úteis no trabalho e na sua consciência espiritual. Com efeito, se seu pai, mãe ou tio estiver inconsciente o tempo inteiro, ao ponto de defecar em seu sofá, lembre que quando você era menino e defecou ali, na segunda ou terceira vez que fez isso, o tapa de sua mãe lhe ajudou a lembrar que suas fezes devem ser derribadas na privada. Se o seu paciente de Alzheimer lembrar da privada pela dor do mesmo “tapa de mãe”, não tema e faça: pegue um maço de jornal. Quem sabe ele não lembra até dos tapas que lhe deu?…

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