Porque ninguém deveria chegar a padecer de Alzheimer

No “Mal de Alzheimer” a alma fica “presa” a um corpo imundo e inútil, e que não pode se comunicar, retardando assim a sua entrada e saída do Purgatório. Se morresse antes já estaria no Céu…

Já expressei minha estranheza e horror ao escrever sobre o Mal de Alzheimer AQUI nesta Escola e por duas vezes (veja a outra AQUI) repassei ao grande público as “impressões técnicas” de convivência pessoal com um paciente idoso desta doença, e não alguma coisa que eu tivesse aprendido em livros ou cursos presenciais com especialistas em Alzheimer. Justamente por isso, julguei por bem servir ao leitor naquilo que poderia servir melhor, apresentando-lhe aspectos da doença e da convivência com o paciente nos termos mais “domésticos” possíveis.

Cheguei a frequentar cursos com especialistas e com “cuidadores práticos”, todos muito bem intencionados, mas que de nada serviram para iluminar o pântano sombrio do Alzheimer, coisa que, agora sei com certeza absoluta, só pode ser plenamente compreendida por quem investiga a fundo a teologia cristã, ou por quem milita nas lides sofridas da escatologia bíblica, ou nos espaços profundos da experiência sobrenatural.

Porquanto foram naquelas lides e nesses espaços que o “bicho” se mostrou por inteiro, iluminado pela teologia, e as deduções lógicas de qualquer mente lúcida desembocam inevitavelmente nas conclusões aqui apresentadas, e acreditamos que nenhum dos nossos leitores deixará de “captar” a mensagem final deste artigo, endossando a dura realidade sobrenatural do Alzheimer.

O problema começa quando analisamos as coisas na profundidade, e não quando somos míopes, olhando as coisas apenas superficialmente. Na profundidade, portanto, haverá muito mais dificuldade de expor os fatos, mas não pouparemos esforços para ajudar o leitor, destrinçando o novelo com “mãos de fada”, literalmente. O problema, pois, será equacionado da seguinte forma, como que desenhando um cronograma ou um “fluxograma fenomenológico”, por assim dizer. Senão vejamos:

1) A Teologia diz que o nosso corpo nos foi dado apenas para “cobrir”, ou “transportar”, ou envolver, ou “sustentar”, a nossa alma extrafísica, dando-lhe ocasião para, dentro de uma matéria tridimensional, viver as experiências da alteridade, na qual Deus poderia avaliar bem as virtudes e os pecados de cada um, antes de incorporá-los, por mérito moral, ao lugar próprio dos santos imaculados, o Paraíso onde somente puros e superiores habitam. Sem o corpo físico, essas almas inferiores mal conseguiriam distinguir a si mesmas nas conversas cotidianas, e os enganos de identidade seriam desastrosos, tanto para o Céu quanto para a Terra. “Não somos seres de matéria com uma experiência espiritual; somos seres espirituais com uma experiência na matéria”, já diziam os gurus da “Terceira Onda”.

2) Na verdade a criação de Deus (Creação), iniciou-se muito antes de QUALQUER matéria existir no chamado Multiverso, e os espaços multidimensionais de Deus eram habitados apenas por seres espirituais, ou hiperfísicos, sendo a ideia de criar um corpo físico (para dar aos espíritos uma experiência na matéria) uma ocorrência muito posterior à pré eternidade dos espíritos, embora este raciocínio já seja parte da obra da Criação já iniciada; isto é, na mente de Deus, por assim dizer, nos espaços multidimensionais, o Criador já tinha visto ou realizado tal experiência, sendo a criação do tempo “CRONOS” apenas um palco para melhor aferição moral das personagens de matéria.

3) Ao estabelecer o espaço-tempo para a melhor aferição das almas inferiores e ao colocá-las dentro da matéria tridimensional, o Criador também contou com a possibilidade de alguma coisa dar errada no percurso (a entrada no pecado dos anjos), como de fato aconteceu. Pior: Ele deve ter visto que uma Queda Moral numa alma inferior, estruturada dentro de um corpo físico, a faria perder todos os poderes ensejados pela ligação direta com Deus, e a Natureza inteira perderia seu controle e passaria a controlá-la! Ou seja, era uma criação de alto risco. Mas o Senhor apostou nisso. Confiou no seu próprio “taco”, e iniciou a criação tridimensional com almas hiperfísicas habitando a matéria.

4) Ao cair na Tentação, as almas do primeiro casal transcendentalizado pelo Espírito de Deus, também perderiam o controle de seus corpos e mente, e ficariam a mercê de todas as forças refratárias da Natureza, inclusive à contaminação bacteriológica e à poluição da Biosfera. Pior, sua rebeldia não veio de seus corpos, mas de suas almas, e assim a contaminação dos dois virou contágio espiritual e a Humanidade inteira passou a agir do mesmo modo, muito além da mera hereditariedade.

5) Com aquele seu “simples” gesto (que de simples não tem nada!), o primeiro casal perdeu – e a Humanidade por consequência – até o controle sobre seus corpos físicos, e foi a Natureza que passou a dominar tudo, levando à derrocada entrópica de toda a criação terrestre. Com a entropia como regra, a sobrevida do espírito humano agora dependeria, de certo modo, de um crescimento ontológico assimétrico, pois se a carne era fraca e a alma volúvel, o espírito teria que “se virar” para vencer as três batalhas recém inauguradas, a saber, a batalha contra a entropia da matéria (seus corpos envelheceriam rápido e sob ameaça de bactérias e outras patologias); a batalha contra a desordem emocional (as paixões internas colidiriam umas com as outras); e a batalha espiritual propriamente dita, quando a Razão Consciente teria que vencer racionalmente os argumentos do velho inimigo que os fez cair, sem contar com um espírito transcendente neste embate. A vitória só poderia se dar, obviamente, se e quando cada alma refizesse as pazes com Deus.

6) Neste sentido, é preciso ver agora que a própria Queda já foi o abandono do corpo à própria sorte (leia-se “golpeado pela entropia inexorável”), e este fato já caracteriza uma deficiência, um decréscimo e até um “aleijão” na ontologia de cada ser humano, com seus corpos sendo agora usados quase que tão somente para sobreviver, ou manter-se vivo no meio do caos, quando poderiam ser sua própria nave-mãe, suas “catapultas de levitação espacial” ou suas asas da imaginação, capazes de voar como “pássaros de fogo” até o céu profundo.

7) Com a inutilidade transcendente dos corpos, a matéria densa passou a ser também a prisão física, já que nem o voo espacial nem o voo astral se mantiveram intactos (este ainda pode ocorrer, mas eivado dos perigos advindos da inimizade a Deus), e agora o ser humano não passava de um animal planetário, bípede e não voador, apegado aos meros prazeres instintivos do seu lado animal, o qual nunca se satisfaz por inteiro com prazer nenhum.

8) Pior: a própria capacidade de captar o mundo objetivo e exterior, que antes podia ser captado por inteiro até enquanto dormia, passou a imiscuir-se e misturar-se no mundo subjetivo, até durante a hora mais desperta do dia, dada a desordem mnemônica que imperou após a Queda. Qualquer doença física, ou mesmo uma pequena dor de cabeça, já poderiam ser suficientes para interrupção da memória e todos os desastres dela decorrentes, com toda a ignorância daí advindas.

9) Não era difícil supor que os corpos humanos, atravessados os anos de “saúde presumível” e juventude desregrada, começassem a falhar por inteiro, embora paulatinamente, ficando a cada dia mais difíceis de controlar, e a cada ano mais dependentes de remédios e perdas de consciência mais ou menos profundas. O homem adulto agora não passa de uma alma inquieta, quando muito, consciente de suas limitações ilógicas e incorrigíveis, e sem mais forças para buscar a varinha de condão que usava nos seus sonhos de infância. Seu espírito “forte”, a cada ano que passa, lhe esbofeteia por reavivar, em sua consciência, o quanto ele podia ser “divino”, “milagroso” e até “onipresente”; ou o quão poderoso deve ser qualquer ser mais amigo de Deus, em sua estranha saudade do futuro.

10) Sua liberdade, ou tudo aquilo que para ele lhe parece mais liberdade, agora não passa de uma sensação de decisão solitária, geralmente associada ao que se pode comprar com dinheiro e aos prazeres dele decorrentes. Não há mais qualquer outra liberdade que ele almeje e muito menos que conheça, e quem quer que lhe fale de outras liberdades lhe parecerá ora um louco, ora um hipócrita, falando de coisas que não são liberdades ou são perfeccionismos vazios, de um padrão inalcançável.

Chegando aos 70 anos, se chegar, como idade muito bem pontuada para o destino final humano na Bíblia Sagrada, seu cérebro que já não funcionava bem (e já se sentindo aprisionada a um corpo fraco e vulnerável), passa ao domínio final da entropia física, e agora seu corpo envelhecido é quem impede cada vez mais a sua “liberdade”, e muitas coisas que ele fazia depois dos 50 já não pode mais fazer, e a própria redução da velocidade de caminhar começa a gritar alto a perda da liberdade. E pior, também chegou um dia em que já não pode mais nem caminhar, e já teve que aderir a uma cadeira de rodas que também o limita a rampas e elevadores especiais.

Enfim chegou o “grande dia”, em que aquele que já foi grande, agora não passa de um monte de carne e ossos furados, e com dano cerebral irreversível, à mórbida semelhança de uma osteoporose cerebral (o nome técnico seria “encefaloporose”, o velho alemão chamado “Mal de Alzhemer”). Pior: nesta fase, ele nem pode mais ver o pavor de ficar 100% dependente dos outros, naquilo que ele jamais desejaria para ninguém, nem para seu pior inimigo, e muito menos para si mesmo, e ao que se submete tão somente pela total incapacidade de ver o seu próprio estado deplorável! Eis aí descrito o inferno do Alzheimer, de quem até o diabo foge.

É aqui que chegamos à nossa reflexão de hoje.

Tendo compreendido que a Queda do Homem nunca foi da vontade de Deus, e nem mesmo um mini desvio de conduta seria do agrado do Criador (tanto é que o Homem só caiu por uma catastrófica desobediência: as demais desobediências, ou os mínimos deslizes, nem sequer eram observados por Deus e o primeiro casal “pintava e bordava, na alegria da liberdade infinita”), é também necessário deduzir que a prisão resultante da Queda também não estava nos planos de Deus, e por isso o Senhor, quando veio à Terra em corpo humano com o nome de Jesus Cristo, deve ser primeiro entendido como um libertador e não um salvador, propriamente dito, pois ninguém pode ser salvo sem ganhar de volta a liberdade! Ou melhor, só um homem livre pode curtir uma salvação verdadeira. Tudo o mais é prisão ou eufemismo de prisão.

Se a prisão da criatura humana se deu com a Queda e com esta o Homem ficou sujeito à entropia, que é a prisão às limitações cumulativas e sequenciais da matéria imanente, não haveria como impedir que a primeira prisão levasse à última, tal como um abismo chama outro abismo, e tal como uma cova fica cada vez maior quanto mais se cava. Logo, o Alzheimer seria a última forma de prisão, mas também seria a prisão mais óbvia e inexorável, pois se o corpo ficou a mercê da entropia natural, nada mais lógico que “claudicasse” até o dia em que o cérebro implodisse, coisa que deve desagradar enormemente ao próprio Deus, pois o certo para Ele seria que o corpo morresse ANTES do cérebro, embora para o Criador nem mesmo a morte estaria no nosso destino (fomos criados para a Eternidade, ou para galgar esta sem passar por aquela!).

Pior: Deus nos fez para se comunicar conosco, e nós com Ele. Somos espíritos comunicantes, animais falantes, almas dialogais! O Plano original de Deus jamais desejou encontrar nossas almas e não poder dizer-lhes nada que não entendessem. Mas a Queda mudou isso! A possibilidade de interrupção da comunicabilidade humana nasceu ali, quando o primeiro casal se comunicou com a Serpente! Talvez até por falar demais, ouvir demais e entender tudo, o Homem caiu. Quando caiu, o primeiro golpe foi justamente sobre essa capacidade de comunicação: nenhum animal entendeu mais o Homem e o Homem nunca mais entendeu os animais (pior: nem entende mais um outro homem e muitas vezes mal entende a si mesmo!).

A própria salvação então dependeria de Deus conseguir comunicar algo às almas decaídas; e para conseguir isso Ele dependeria não só de seus superpoderes, mas também de uma cirurgia no Homem, uma cirurgia espiritual chamada “conversão”. E a luta pelo resgate da alma humana já começou renhida, pois ainda gozando da liberdade (embora limitada à terceira dimensão terrestre), o Homem podia continuar ouvindo à Serpente, único animal que continuava falando aos seus ouvidos, com voz de anjo. Então a salvação da Humanidade também passou a ser uma forma de conquista. Quem agradasse mais o coração venceria.

Mas como Deus falaria da salvação para um tipo de SURDO COMPLETO (um surdo com uma surdez incurável), ou seja, para uma alma agora aprisionada a um corpo moribundo e inútil, cujo próprio cérebro apagou-se inexoravelmente e apenas espera o coração parar de bater? É claro que você dirá que Deus pode curar qualquer doença! Sim, pode. Mas nesta cura, como em qualquer outra, tem que haver um propósito! E qual o propósito de envelhecer, senão dar lugar a outros por meio de uma morte que a Bíblia chama de “preciosa”? (Salmo 116,15). Para que serviria curar alguém que em pouco tempo estará num lugar muito mais feliz? E quantos velhos bem velhos aparecem curados por Jesus ou pelos apóstolos na Bíblia? E por que Jesus, todo-poderoso, não curou seu pai e adiou sua morte? Ou por que não o ressuscitou? A resposta é óbvia: o pai de Jesus já havia cumprido sua missão, como ocorre com todos os velhos bem velhos.

A conclusão é obvia: não adianta orar pela cura da velhice de quem envelheceu demais! Ou melhor: não adianta orar por um paciente idoso de Alzheimer! Este paciente constitui uma espécie de “acidente indesejável da entropia”, pois mesmo na desordem terrestre do pecado, Deus jamais planejou (este termo não é bom para entender isso) que uma alma, mesmo merecedora de castigos maiores, viesse a sofrer de Alzheimer e ficasse um tempo sem qualquer possibilidade de salvação, pois TODAS as outras almas se mantêm salváveis em todas as circunstâncias da vida, menos as almas vitimadas pelo Alzheimer!

O paciente de Alzheimer não só não se salvaria na Terra (se adiasse seu arrependimento e deixasse sua salvação para a velhice), como seria um estorvo para todas as almas circundantes, inclusive para aquelas que oram por ela e cuidam dela, numa verdadeira via sacra imerecida para muitos! Um sacrifício desumano quase sempre deixado para a própria família, CONTRA a vontade dele, pois nenhum Alzheimer quis ou quer que sua família passe pelo inferno de cuidar de um inútil 100% descontrolado, um alienado pior que um animal de estimação! Tanto é que muita gente diz que, se viesse a saber antecipadamente que iria sofrer de Alzheimer, tentaria o suicídio antes de sentir sua memória apagar!

O leitor está lembrado de que a salvação, para nós católicos, não se completa nesta vida, exceto quando a alma se santificou o suficiente para merecer de Deus um passaporte especial, como no caso dos mártires, dos justos 100% justos, e do caso especialíssimo de João Batista, Enoque e Nossa Senhora? Pois bem. Todos os demais, todos nós, não subiremos ao Céu imediatamente após a morte. Mas também Deus não nos jogará no inferno, quando viu que tanto esforço envidamos para vencer nossas concupiscências, e quando viu que, até com lágrimas, falhamos. Onde estaria a Justiça e a Misericórdia de um Deus que jogasse num inferno eterno, almas que tentaram acertar e não conseguiram vencer meras imperfeições de caráter herdadas de seus primeiros pais?

Eis a Justiça e a Misericórdia chamadas de Purgatório! O Canal StudioJVS publicou uma série de vídeos onde a figura do Purgatório é explicada magistralmente, sempre a partir de textos bíblicos onde o estranho lugar transparece nas entrelinhas da Revelação. O primeiro capítulo está AQUI e o Youtube oferece os outros em seguida. Assista para conhecer melhor o Purgatório e a Misericórdia de Deus, sem os quais não haveria justiça em Deus. Pois bem.

No “Mal de Alzheimer”, a alma fica literalmente “presa” a um corpo imundo e inútil, e que não pode se comunicar em hipótese alguma (exceto com uma cura sem sentido), retardando assim a sua entrada e saída do Purgatório. Se tal pessoa morresse antes já estaria no Céu! Eis aqui o drama do Alzheimer: este Mal também é uma Maldição, pois atrapalha a própria vontade de Deus de resgatar as almas humanas! Se morresse antes, Deus não teria dificuldade alguma de comunicar alguma coisa àquela alma, já que o corpo imprestável se foi e a surdez absoluta foi rompida! Aliás, qualquer um de nós que se encontrasse com aquela alma já desencarnada, poderia facilmente comunicar o Plano de Salvação para ela e fazê-la sair do Purgatório e chegar ao Paraíso, muito mais cedo do que seria se sua doença-maldição lhe mantivesse por longos e longos anos na terra dos vivos, como ocorre com muitas almas infelizes, aprisionadas por décadas naquela condição deplorável!

Então, finalmente podemos ver a dura realidade por trás do Alzheimer: ninguém deveria chegar a padecer deste Mal neste planeta! É uma doença monstruosamente desumana, obra prima do próprio diabo, autor de todas as doenças! É a tragédia por excelência! É a exata significação da maldade dos demônios e a perfeita sinonímia da DES-GRAÇA, o oposto da Graça! Cruz credo!

Só nos resta deixar uma pergunta “simplória” no ar, para um diretor de cinema que quisesse fazer um filme de terror religioso, associado a uma história de tecnologia futurista: teria sido o Alzheimer uma obra do diabo que “surpreendeu” o próprio Criador? Não, óbvio que não! Deus nunca erra e nunca possui duas coisas que só nós temos: surpresa e esperança. Deus nunca leva sustos. Então é claro que Deus anteviu o Alzheimer, e jamais quis a sua existência… mas que este Mal acendeu a ira de Deus, ah, isso sim, são outros quinhentos.

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