Deus deseja a nossa longevidade?

Ao soprar o seu Espírito naquele casal de primatas, Deus tinha o plano de manter por séculos e séculos criaturas humanas vivas e sadias no Planeta. Depois da Queda, isso mudou radicalmente.

A sociedade pós-moderna, conquanto levada irônica e simultaneamente pela ignorância e pelas facilidades de pesquisa atuais, termina pegando carona no objetivo último da Medicina (ou vice-versa), defendendo exaustivamente o culto ao corpo e a idolatria à saúde, como se tais atributos da alma fossem a última coca-cola no deserto, ou como se nem existissem almas. Tudo reflexo de uma era de descrença e desesperança, onde todos os sinos choram pelos anos perdidos da inocência.

A igreja pós-moderna também foi e é fortemente influenciada pela mídia desta época, a ponto de se questionar a validade de suas próprias práticas, pondo em dúvida condutas e costumes sólidos bem sucedidos, cuja subtração até agora nada de bem trouxe e nada de melhor os substituiu. A exceção do clero mais conservador, praticamente tudo o que dizia respeito à moral e aos bons costumes foi revisto e muitas vezes abandonado pelas novas gerações, com consequências danosas e até certo ponto fáceis de prever, como as próprias profecias bíblicas antecipavam, com detalhes tais que parecem ter sido escritas hoje mesmo.

Uma das práticas antigas que precisava mesmo ser mudada é a questão da procriação e das altas taxas de natalidade, que os setores conservadores – e até certo ponto míopes – da igreja ainda teimam em defender, como se o mundo ainda estivesse precisando de gente para povoar imensos vazios territoriais que já não existem mais em lugar nenhum (os imensos vazios ainda estão vazios não por não ter gente para povoá-los, mas por serem inóspitos e letais, sem água e sem vida). Pior, a igreja ainda pensa que a produção em massa de bebês garante A ELA um número maior de almas, como se ao longo da vida a criatura não encontrasse muito mais facilidades e tentações (e até razões aparentemente lógicas) para não ser cristão e muito mais para não pertencer a uma igreja! Enfim, a conversa de incentivar a prole para todas as mulheres do mundo sem dúvida constitui um dos maiores equívocos teológicos da Igreja, verdadeiro anacronismo entre a crença na profecia da volta de Jesus e o arcaísmo do livro de Gênesis. Isto basta. Lembre que nosso tema é outro…

Uma das práticas que jamais poderia ter sido assumida é a da busca pela longevidade, como se uma vida longa fosse a meta sublime de Deus, e não um acidente indesejável no destino de almas rebeldes e inimigas de Deus. Porquanto e com efeito, o divisor de águas da Queda do Homem operou uma mudança drástica e dramática na história da alma humana, a tal ponto que até a “política de vida longa de Deus”, ensejada pelo ambiente incontaminado do Éden (sob proteção e incentivo dos poderes divinos), foi radicalmente revista pelo Criador, uma vez que viver muito tempo passou a significar um número tão ameaçador de perigos que qualquer inteligência mediana optaria por induzir um tempo mínimo de vida física, da concepção ao perecimento.

Porquanto fica claro que o intuito de Deus, antes da Queda, estava contido no desejo do Criador de ver suas criaturas tridimensionais vivendo alegremente as limitações mas também os prazeres da carne (bem entendido), numa vida que durasse séculos e séculos, como duraram as vidas de Adão, Matusalém e de todos aqueles que sucederam ao primeiro casal, enquanto o Planeta ainda estava pouco poluído de contaminações físicas e psíquicas, com certa inocência nas almas primitivas. As idades dos primeiros homens, segundo a Bíblia, chegava mesmo aos 900 anos, e nada indica que viveram vidas infelizes e sofridas por doenças incapacitantes na velhice. Pelo contrário, os relatos expressam fortaleza e higidez contínua, com a morte alcançada sob o vigor e a boa lembrança de grandes contribuições às sociedades primitivas, com dedicação ao trabalho e à família e à luz de êxito por todos desejado.

Com a crescente contaminação do ar, da água e da atmosfera psíquica de Tellus, a taxa de longevidade foi baixando e os próprios escribas bíblicos chegaram a registrar o limite de 70 anos para apontar a idade ideal da vida humana; isto quando o corpo tinha energia suficiente para chegar a tanto, sem os sofrimentos e desconfortos da velhice.

Mas ainda não tratamos da questão da espiritualidade, que é, a rigor, o fator determinante da razão de viver, segundo a qual Deus estipula o prazo ideal para resgate de uma alma perdida, evitando os riscos maiores de uma vida mais longa. Porquanto a Queda também inaugurou a escalada decrescente na espiritualidade humana, levando toda a Humanidade à situação de risco cada vez mais grave de perdição, o que teria alterado drasticamente os planos de Deus, sob a ótica amorosa de reaver as almas desviadas pela rebeldia contagiante. (Eis porque, na época da Patrística, se tinha a noção firme de que, do ponto de vista estritamente espiritual, uma alma deveria ir para o Céu imediatamente após o batismo, para evitar os inúmeros e instantâneos riscos de sedução do pecado e separação de Deus, com as quais nenhuma vida valeria a pena após a queda!).

Portanto, para a ótica amorosa de Deus, o que importa não é o tempo de vida física que uma alma passa na Terra, mas o quanto ela firmou-se espiritualmente no amor a Deus, pelo qual não deveria mais arriscar-se na carne, distante da solidez do Paraíso, devendo, assim, despedir-se o quanto antes desta existência precária e ameaçadora. Logo, o Criador viu que uma vida física curta (de no máximo 70 anos), sob qualquer ponto de vista, é muito mais vantajosa para garantir integridade e higidez às almas humanas do que uma longa vida na carne, mesmo que prolongada sob os cuidados de uma medicina ao mesmo tempo tecnológica e naturalista, com dietas verdes e atividades físicas bem orientadas. Porquanto a saúde DA ALMA é o que conta e o que precisa ser contado ao final da caminhada, e a existência carnal é apenas um estágio de aprendizado que, por maiores lições que enseje, não vale a pena perante os riscos crescentes e sedutores da perdição eterna.

A pergunta do título então deve ser respondida sem pestanejar, do seguinte modo: “Deus deseja nossa longevidade?”… Não! Se esta se refere à vida física, Deus prefere a nossa subida imediata ao Paraíso, garantindo uma boa vida eterna às almas que O tiverem amado, pessoalmente e na pessoa do próximo, única fórmula de garantia da saúde anímica. Assim, toda a propaganda e falatório da Medicina atual acerca do aumento da longevidade humana, da “qualidade de vida” e da saúde rejuvenescida dos idosos, não passa de mais um estratagema ateísta, que parte da premissa de que não há um paraíso a conhecer no Além, e que a única vida a ser vivida é esta, e por isso todos devem lutar para rejuvenescer e parecer jovem, adentrando os cem anos ou mais, e vivenciando até atividades e virilidades típicas da juventude.

É este o quadro atual, e não admira que o ceticismo tenha ido tão longe, ao ponto de enganar a Humanidade inteira, naquilo que ela tinha de mais belo em sua alma, a saber, a esperança, dada por Deus quando plantou a eternidade no coração humano. Num planeta descrente de tudo, onde não há mais confiança nem entre pais e filhos, o quadro atual nem chega a ser espanto para os que crêem no Cristianismo. Quanto aos outros, ninguém mais poderia sequer sussurrar que além da esperança perdida, perderam a própria vida, e aquela que a Medicina lhes garante é, além de muito menor que a proposta original, é uma ilusão que ameaça até a outra, que a morte inaugurará.

PS:

Todos os assuntos aqui tratados que se relacionam com o tema da vida após a morte, estão expostos com profundidade nos livros “Você é um fantasma e não se enxerga” e “O Grande Divórcio do Egocentrismo”, ambos das editoras Clube dos Autores & Agbook (Google).

 

Esta entrada foi publicada em Arte de Desaprender. Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *