Não importa quem escreveu a Bíblia

Seja lá tenham sido os seus autores conhecidos, seja lá tenham sido homens desconhecidos, o que importa é que a mensagem subliminar é transcendente e toca diretamente a alma humana.

Mão medieval escrevendoMuitos têm saído pelo mundo afora a tecer comentários pejorativos contra o valor das Escrituras, baseando-se na premissa de que os textos bíblicos são meros registros escritos por seres humanos, e por isso nada têm de especial e comportam as falhas comuns à nossa espécie. Todavia os que assim pensam não perceberam ainda que este argumento se volta contra eles mesmos, porquanto a chave das sagradas letras se dá justamente no contraste entre os dois pontos, a saber: ou as Escrituras foram escritas por homens especiais (que estiveram face a face com o próprio Deus) e por isso sua mensagem é tão importante e tocante; ou ao contrário, foram escritas por gente comum, inclusive de pouca instrução, e este dado então é que prova o quão inspiradas foram, já que gente comum jamais teria poder para ir tão longe e falar às almas.

O mesmo fenômeno paradoxal se dá contra aqueles que falam mal da Santa Sé, argumentando que “nunca houve na História nenhuma instituição mais imunda e corrupta do que a Igreja”. Veja onde o paradoxo triunfa de tal argumento. Ora, por ser a queridinha de Deus, que Ele mesmo chamou de “Noiva” na parábola das bodas, não era de supor que Deus se esforçasse tanto (inclusive morresse numa cruz) por uma noiva que estivesse bem limpa, são e salva, em paz e purificada, apenas aguardando o Noivo em oração e jejum! Certo? A lógica de um gesto de resgate e de um amor infinito pressuporia obviamente uma alma odiosa e uma perdição hedionda para justificar que somente um deus pudesse ir buscá-la; do contrário, qualquer um poderia salvá-la. Isto é, foi o estado imundo e deplorável da noiva que levou o Noivo a demonstrar uma paixão crucial, crucifixal, pois só um amor infinito iria buscar uma noiva tão imunda! Eis porque quanto mais pecador for o estado em que enxergarmos a Igreja, tanto mais terá sido ela a escolhida do coração de Deus, e tanto maior terá sido seu amor e seu sacrifício por ela! (Foi um resumo muito curto, mas a lógica é esta aí)…Monge medieval escrevendoPortanto, é o fato de TOCAR DIRETAMENTE A ALMA HUMANA que pressupõe uma mensagem originada numa mente superior, e este dado, ao invés de exigir a autoria de Pedro, João e Paulo, pelo contrário, na verdade torna a mensagem bíblica muito mais valiosa e transcendental, pois prova que Deus de fato usa gargantas humanas para comunicar-se a nós, independente dos títulos de doutores, “apóstolos” ou discípulos do Mestre. Na verdade, se Deus precisasse de “mestres e doutores” para comunicar sua salvação a nós, quatro deduções adviriam daí: (1a) Nossa salvação ficaria muito mais difícil, pois gente com mestrado e doutorado são A MINORIA na Humanidade; (2a) Deus estaria fazendo acepção de pessoas no sentido mais injusto, pois os “doutores” geralmente não se interessam pelas coisas de Deus e têm em seus diplomas motivo de vaidade, e não de humildade; (3ª) A salvação acabaria dependendo do financeiro, pois os “mestres e doutores” geralmente são gente que tem dinheiro para pagar graduações e pós-graduações, que são ordinariamente muito caras; (4a) Deus provaria a sua ineficiência para comunicar-se conosco, pois não seria inteligível ao povão iletrado; Etc..

O que precisamos compreender de uma vez com toda atenção é o “sistema lógico de Deus” perante um mundo decaído, o qual elege sempre o mais belo e mais rico para adorar, desprezando o feio e o pobre, para usar uma linguagem popular. A ideia de Deus é justamente o contrário, pois o Criador valoriza as pequeninas coisas e por elas dá a Sua vida. A lógica de Deus estará sempre partindo do valor negado aos humildes e aos excluídos, e isto inclui pessoas e coisas. Todas as vezes que estivermos diante de algum objeto ou situação desprezível (do ponto de vista do aplauso da maioria rica ou guiada pela mídia), podemos apostar que é justamente para eles que Deus está olhando ou velando, com zelo ardoroso de pai e pastor.

Assim, pois, coisas como a Igreja, a Bíblia, a oração, a moral cristã, as relíquias sagradas, os objetos de culto, a quermesse, a reza matuta, o esquecimento do “persignar-se”, as ofertas pobres, as roupas sem grife e outras coisas típicas da religiosidade popular e da pobreza (que o mundo rico despreza), são justamente aquelas que Deus dá atenção, descartando quase totalmente as outras, ou só lhes dando atenção quando vê sinais de alguma mudança interior de humildade.cs-lewis escrevendo2Outrossim, é preciso ver que a acusação desesperada dos que detratam a Bíblia sempre ocorre, fora do meio cristão, porque as almas perdidas querem fugir continuamente das responsabilidades morais que sua leitura implica, e isto se tornou o terrorismo psicológico e a perseguição mais dolorosa para a nova geração, enganada que foi pelo mundo sem ética e pela ditadura do Capital. Por esta razão, uma das acusações mais “grotescas” acaba voltando-se contra si mesma, pois, por um lado, se se alega que as Escrituras foram escritas por uma gentinha semianalfabeta, e por isso não poderia tratar de questões tão profundas quanto as da PSICOLOGIA DA ALMA e da TEOLOGIA DA TRINDADE, por outro lado o fato de aquela gentinha ter escrito tudo isso prova que Deus foi quem falou por elas, e que então não importa QUEM as tenha escrito, já que foi a mente de Deus que as inspirou (o StudioJVS divulgou um vídeo sobre este tema no Youtube, com o mesmo título deste artigo). Por outro lado, se foram os apóstolos os “mestres-escribas” daquela mensagem profunda, os detratores da Bíblia estarão obrigados a reconhecer que no mínimo eles estiveram com Jesus, ou receberam de Deus qualidades especiais que os fazem pessoas muito mais brilhantes que os mestres modernos. Eis aí o beco-sem-saída da mentira que quer vencer a verdade, e não consegue convencer nem mesmo aqueles que foram obrigados a engoli-la, sob pena de penas eternas.

Finalmente, a partir de agora, quando você se deparar com coisas “cafonas” como este nome, coisas que tanto os “doutores” desprezam quanto os ricos desdenham, esforce-se por gostar delas e a elas se dedicar, sabendo que o próprio Criador do universo (que permitiu que tais coisas entrassem em contato conosco) é o responsável por mantê-las e glorificá-las em seu Reino, e que Ele espera de nós humildade suficiente para conviver com elas e amá-las, até que Sua verdadeira beleza um dia nos seja mostrada, se é que mereceremos estar lá na ocasião.

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