O poder da oração “pré impressa”

Uma cena chocante, típica do fim do mundo, faz ressaltar uma realidade irrefutável: a de que a eliminação das orações “pré impressas” pelos protestantes perfaz uma retumbante derrota perante o inimigo de Deus.

A discussão englobando os dois lados desta moeda devocional foi muito bem conduzida por CS Lewis em suas obras “Oração – Cartas a Malcolm” e “Cartas a uma senhora americana”, e o desconhecimento dos argumentos de Lewis a respeito deixam o horizonte pobre e perigoso, sobretudo para quem já tenha se “convertido” ao Protestantismo, ouvindo mais aos pastores do que a Bíblia.

Porquanto nas obras citadas, Jack (como Lewis gostava de ser chamado) discute as “qualidades” ou as vantagens e desvantagens de ambas as formas da oração, sem jamais condenar quem as distinga – ou quem não as diferencie – pelos termos “oração” e “reza”, e sem qualquer proselitismo neste sentido. Ou seja, para Jack, tanto as orações quanto as rezas (nos sentidos dados pelos protestantes) são utilíssimas e até indispensáveis, e este artigo pretende justamente mostrar até que ponto o Protestantismo saiu-se perdedor em sua abolição das rezas pré impressas.

Lewis nunca deixou de pontuar o caráter negativo de toda ação motivada pela presunção, e o capítulo VIII da 3ª Parte de seu livro “Mere Christianity” (mal traduzido por “Cristianismo puro e simples”), chamada “Conduta Cristã”, deixa isso bem claro para quem se arriscar a peitar Jack com uma pseudo camuflagem para o “câncer da alma” (presente em todos nós), que foi como ele chamou o orgulho ou soberba, aquele velho pecado adâmico que a Igreja colocou em primeiro lugar na lista dos sete pecados capitais! O leitor se lembra? Pois bem.

A partir da noção da soberba como o Grande Pecado, bem como que tal vício foi a maldade suprema que fez cair o próprio Lúcifer, Lewis deixou-nos o sinal verde para prosseguirmos na investigação teológica mais profunda e daí concluir, agora com acerto, que qualquer ação humana que redunde em Diminuir o Malefício do Orgulho ou Diminuir o Benefício da Humildade (chamemos DMO/DBH), será com certeza abominável para Deus, e 100% desaconselhável para a Humanidade. A partir deste “norte ético”, ou, melhor dizendo, desta “bússola moral”, qualquer mente humana poderia deduzir, com 100% de acerto, qual obra seria maligna ou benigna, de acordo com a regra DMO/DBH.

É aqui que entram as explicações de Lewis para a questão das orações espontâneas e das rezas pré impressas.

As orações espontâneas incorrem no perigoso risco de deixar insuflar a presunção no coração do orante público, e este risco poderá existir até mesmo num quarto bem fechado, igual ao que Jesus descreveu na ocasião em que nos ensinou o “Pai Nosso” (Mateus 6,6). Pela regra DMO/DBH, a oração espontânea pode ser a porta aberta para a soberba, sobretudo se ela for proferida em voz alta, e em comunidade. E pior, estas parecem ser justamente as orações que os adeptos do Protestantismo mais gostam de fazer, e é isso que sentimos nas reuniões públicas, sobretudo nos cultos de oração, onde se pode sentir até a ansiedade no ar (ou certo grau de frenesi devocional) daqueles escalados para orar, ou daqueles que gostariam de ser solicitados a orar na ocasião pelo pastor daquele rebanho.

O perigo está aí. O pastor chama nominalmente um orante do grupo e este sente seu coração “vibrar de importância litúrgica”, e uma voz silenciosa murmura ao ouvido daquele crente, reforçando-lhe a crença de que ele é “um ótimo servo de Deus por ser escolhido para orar na frente de tantos outros orantes”, ou que “suas belas orações estão provando sua santidade ao pastor e à igreja inteira”, e que agora alguns pequenos sinais de seus deslizes “deverão ser esquecidos pelos olhares da assembléia de fofoqueiros batizados”. Enfim, este é o quadro que se descortina invariavelmente, exceto naquelas igrejas extremamente amadurecidas, nas quais o sofrimento da vida já rendeu tantos frutos de arrependimento, ou frutos tão pesados, que ninguém faz mais questão de “exibir sua verve oratória”, preferindo contentar-se com o cântico coral ou com a oração doméstica. Eis aí uma descrição do perigo das orações espontâneas, mas é bom o leitor lembrar que isso é apenas uma síntese da realidade espiritual que subsiste no submundo da mente presunçosa do ser humano.

Este perigo é eliminado pelas orações pré impressas. Senão vejamos. Todas as coisas que recebemos dos outros eliminam, a priori e a rigor, o fator “autoria”… E o fator autoria é uma das 7 fontes insufladoras da vaidade humana, e todo cristão consciente tem o dever bíblico/teológico de evitar cair nessas perigosas fontes de magia negra, onde o fundo de ouro esconde a morte de quem botar a mão na água para pegar o ouro! (Lewis mostrou uma fonte dessas no livro “Viagem do Peregrino da Alvorada”, em suas “Crônicas de Nárnia”).

Quando alguém escreveu “ou criou” uma oração e a colocou em palavras impressas, ou quando alguém rezou uma reza e a escreveu em seu caderninho de orações, acabou fazendo uma tremenda obra de caridade, a saber, criou um mecanismo de evitar a soberba da oração espontânea, ou a presunção se “superioridade” do orante perante os seus ouvintes atentos e desatentos. Foi isto que Lewis quis dizer quando nos fez voltar os olhos para receber, de bom coração, as orações pré impressas, garantindo que elas eliminam o perigo insidioso do orgulho e a presunção silenciosa do inimigo dentro de nós. Aqui chegamos às rezas católicas, e à reza particular da mãe de Jesus, a Nossa Senhora, aquela que chamam de “Ave Maria”.

Imaginemos agora uma cena de guerra…

Num mundo existente entre a penumbra e o pesadelo, um bando de mulheres nuas ou seminuas, acostumadas ao hipnotismo da libertinagem proposta pelas mídias esquerdistas, decide que seu ativismo “libertário” deve ter o direito de invadir igrejas e “estourar a boca do balão” (podendo ali pichar a arte sacra, urinar no cálice sagrado, defecar na sacristia, escarrar na hóstia, quebrar imagens e até rasgar a batina do padre e deixá-lo nu), já que a ideologia comunista autoriza e admite como “normal” o processo de invasão de terras e propriedades privadas.

Então, ainda na cena imaginada, todos os rapazes da pastoral da juventude daquela paróquia decidem literalmente “dar sua vida pela santa Igreja” sem o menor ato de violência (ao contrário de Jesus que entrou no templo dando chicotadas), postando-se firmes como uma muralha humana em oração, tal como o exército de Israel juntou-se em coro para derrubar as muralhas de Jericó. E assim se passa a tal cena, ao mesmo tempo horripilante pela reverberação da maldade, mas ao mesmo tempo belíssima pela (com)provação prática da fé que encara o martírio cristão em pleno Século XXI (este ali vigorando em cima de lindas jovens seminuas e vencendo a tentação do sexo fácil, a qual Lúcifer sempre propõe, julgando-a como “a maior arma para derrotar jovens machos e homens decentes”).

Mas um detalhe não escapa de olhos espirituais bem atentos e maduros: a muralha humana de jovens entrelaçados em defesa da Igreja está – literalmente – obrigada e ficar em oração, seguindo o conselho de Cristo expresso no seu conselho de guerra: “vigiai e orai para que não entreis em tentação, e podereis escapar dos dardos inflamados do Maligno”.

Ora, ficar em oração e até em jejum em tempos de paz é uma coisa tranquila, talvez até fácil e comum. Ficar em oração incessante em tempos de “dor, sofrimento e hospital” também pode ser tido como coisa “normal” e até frequente, sobretudo entre crentes mais amadurecidos. Contudo e com efeito, nenhum protestante conseguiria fazer uma muralha humana firme forte como aquela, peitando mulheres jovens e nuas, na qual conseguisse pronunciar-se em oração constante (constante no sentido de não perder a concentração e o foco, falando bobagens e depois caindo em tentação), se ficasse a orar apenas orações espontâneas, do tipo que o Protestantismo ensina como verdadeira oração.

Noutras palavras, orações espontâneas têm o trágico defeito de não servirem para combates práticos contra ladainhas repetidas de zombarias e imprecações, misturadas aos gritos de palavras de ordens sucessivas e monotônicas, caindo fragorosamente no bloqueio sônico de quem gritar mais alto! Melhor dizendo, ou trocando tudo isso em miúdos, somente rezas pré impressas e decoradas de todo coração e repetidas a exaustão poderiam servir de anteparo para ladainhas infernais gritadas e berradas aos ouvidos do orante, e por isso os combatentes protestantes perderiam a guerra do grito para as gargantas usadas por Lúcifer! (Assista agora com atenção a uma das cenas imaginadas NESTE link e depois volte a este texto).

Reflita bem, agora que a cena real veio lhe esbofetear a cara: qual reza pré impressa MELHOR se adequa para enfrentar as batalhas de imprecações vociferadas contra a igreja cristã e contra o Cristianismo, ou simplesmente para obstaculizar as gritarias dos ativismos pseudo libertários do Comunismo e outros ismos satânicos? Qual reza pode servir de mantra ou hino de guerra nas batalhas de oratórias infernais que os cristãos enfrentarão na Grande Tribulação? Ora, só há uma resposta e ela se faz óbvia: é a reza chamada “Ave Maria”, não apenas por ser curta e fácil de decorar, mas por repetir verdades intoleráveis pelos demônios, que fogem dali com os ouvidos tapados de ódio e irritação, sobretudo quando a muralha humana resiste a tudo e se mantém firme, como o leitor pôde comprovar no vídeo sugerido.

Vejam que os rapazes da muralha humana repetiam firmes em espanhol (o caso se deu em terra de língua hispânica): “Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco! Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus! Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte, amém!”… Repita isso sem cessar e terá um hino de guerra imbatível, e sua mente se tornará uma muralha calcada na Rocha que é Jesus, fazendo fugir aos gritos os demônios destruidores de templos! (Veja agora a segunda cena real e comprove: o Catolicismo é mais forte e mais preparado para expulsar demônios, até porque a Igreja de Pedro foi, ao longo dos séculos, a igreja cristã mais combatida e mais invadida pelo pecado, e também a que mais vezes “treinou” o bom combate, justamente por ser a mais velha e por isso estudar melhor as experiências de combate contra o inimigo de Deus! Eis AQUI a segunda cena real)…

Finalmente, é claro que o presente artigo não será 100% agradável aos protestantes, sobretudo às suas inúmeras lideranças em conflito (a rigor, eles nunca se entendem!). Talvez alguns jovens protestantes ainda neófitos possam, usando apenas as suas próprias cabeças, perceber que, numa situação de guerra oratória contra ladainhas de demônios, rezar a “Ave Maria” seja uma espécie de “chave mágica” ou um “código secreto de exorcismos”, eficientíssimo em sua mensagem e adequadíssimo por seu tamanho “curto e grosso”, capaz de retumbar nos tímpanos infernais e fazer os diabos correrem aos gritos, pedindo a Jesus – ou à sua mãe – para entrar numa manada de porcos! Talvez, quem sabe, não seja a oração de Maria, a doce genitora que quer a união de todos os seus filhos, aquela que irá, afinal, trazer de volta os irmãos separados pelo inimigo… pelo menos enquanto durar a guerra!

 

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