Que é o Homem para que dele te lembres?

À impressionante pergunta do autor de Hebreus só cabe uma resposta, e ela prova que a Bíblia tem uma precisão científica cirúrgica, calando os pobres vermes que a questionam…

Céu sóbrioA Epístola aos Hebreus é uma das mais técnicas e profundas do Novo Testamento, e quando ela refaz a pergunta do salmista “o que é o Homem para que dele te lembres?”, entrega à Humanidade uma questão para gênios responderem, se é que eles são alguma coisa útil na teologia profunda de Deus. E a única resposta cabível é: “nada”, zero a esquerda de zeros!

Esta tremenda bofetada não foi arranjada em razão das declarações da Bíblia, em si, mas, ultimamente, a Ciência tem chegado ao grande público de modo arrasador e sem fronteiras, contando verdades que são, ao mesmo tempo, o retrato profundo da Revelação, mas também aquilo que as Escrituras jamais revelariam, exceto em linguagem cifrada ou “angélica”. É evidente que a Bíblia não poderia ter uma linguagem científica à altura do homem moderno, não apenas porque seus autores não tinham o conhecimento tecnológico de hoje, mas também em razão de ser endereçada às massas e estas serem ainda mais ignorantes.

Formigas em lupaEntretanto, a pergunta “o que é o Homem para que dele te lembres?” exige uma resposta que jamais estará ao alcance da Ciência atual, exceto se esta se tornar humilde o suficiente para ver aquilo que, com sua visão materialista, jamais veria, e assim declararia: “se houvesse um Criador inteligente, o único modo de Ele se lembrar de criaturas tão infinitamente diminutas só seria possível se Ele nutrisse por nós um amor tão grande que o infinito não seria capaz de lhe abarcar!”. Não admira que seja justamente ESTA a resposta exata!

Assim, é preciso ver que, nos últimos anos, uma amostra científica de pesquisas profundas, de vídeos e trabalhos audiovisuais, mostrou ao Homem o tamanho da sua insignificância cósmica, e esta é ainda muito mais avassaladora do que os cientistas declaravam antes. Isto é, nas mais recentes pesquisas, ficou patente que não é possível poupar de uma comparação, nem a Via Láctea inteira, incluindo a sua imensurável vizinhança espacial, e até mesmo todo o universo onde vivemos!

Isto significa que, se há 4 décadas, a Ciência já sabia do quão minúsculo era o ser humano em relação à sua galáxia-mãe, recentemente a consciência dos bons cientistas está sentindo uma tremenda dificuldade de enquadrar, a Humanidade inteira, como sendo algo além de um zéfiro mal-cheiroso, expelido pelo intestino de uma pulga! Pior: todo o sistema solar, toda a Via Láctea e até o nosso universo inteiro, não passam de um átomo errante no meio de um gigantesco oceano de bolhas cósmicas, as quais flutuam atreladas a cordas vibratórias criadoras de novas bolhas! (A este respeito, somos forçados a dizer que o leitor só entenderá bem do que se trata se assistir ao excelente vídeo da BBC NESTE link e depois voltar a este ponto do artigo e ler o resto). Noutras palavras, o zero à esquerda de zero configura até mesmo o nosso Universo, pois este não passa de um átomo quando visto ao lado de todos os universos do Multiverso da Criação! O leitor faz uma idéia do que é isto?: Se o universo inteiro é um átomo, o que seria o homem? Percebe o drama?

atomo07Isto posto, a questão de Deus se lembrar de nós agiganta-se de um modo assombroso, porque suscita uma conclusão obrigatoriamente hiperbólica em ambos os casos; ou seja: (1) se o leitor for crente e acreditar que Deus existe, então verá que só um amor infinito poderia justificar a lembrança do Criador a criaturas tão infinitesimalmente diminutas (e pior, tão vis e imundas*) quanto nós; porque qualquer mínima inteligência obviamente desprezaria pulgas tão ingratas quanto estas geradas aqui neste átomo chamado Via Láctea! Percebe a primeira parte deste dilema da Razão? (2) se o leitor for incrédulo e não acreditar em Deus, terá uma certeza muito maior de que a Humanidade inteira é um gás fétido desprezível pelo conjunto da Natureza, mas em compensação muito mais difícil de explicar em razão da consciência, i.e., como um zéfiro subatômico, distinto de todo o resto, chegou a engendrar um efeito tão “sublime” e uma obra tão especial quanto o pensamento? É bom lembrar agora o que dizia o astrônomo Carl Sagan: “O Homem nada mais é que o universo pensando sobre si mesmo”.

Logo, se o Multiverso infinito chegou a produzir um gás minúsculo e fétido capaz de pensar, e que na estreita circunscrição dos limites irrisórios deste insignificante gás chegou à consciência diferenciada de si mesmo, então como explicar a realidade, exceto na admissão de que o absurdo é o início e o fim de tudo, e assim, que o absurdo é uma espécie de Deus? Isto levanta a terrível questão que se robustece na mente racional; porquanto não há sentido algum em supor que aquilo que fosse 100% nada, o Nada Absoluto ou o Zero Inicial, chegassem a criar alguma coisa, e muito menos uma coisa pensante como nós, capazes de perguntar sobre nós mesmos e sobre o nosso papel nesta gigantesca geringonça sideral! Também fica implícito que assim como a Ciência não pode ver nada para além do infinito microcosmo de um bóson, muito menos pode ver o que estará para além DESTE universo, ou as cordas-vibratórias da bolha-mãe de todos os universos, ou a bolha-casulo que o contém, a fonte original de onde provém tudo o que conhecemos. [Neste ponto devemos lembrar a impressionante precisão descritiva de CS Lewis, quando, no livro “The Great Divorce”, apontou para um mero furinho no chão e disse que ali dentro estavam contidos “todos os infernos”, de onde a terra inteira e as almas de todos os mortos provinham; comento detalhadamente a respeito disso no livro “O Grande Divórcio do Egocentrismo”].

Enfim, pensar sobre tudo isso e até conversar a respeito deve ser o melhor e maior exercício psicológico que o universo opera sobre si mesmo, ou talvez seja ao final “a única coisa que de fato acontece – de interessante – num universo sem Deus”, SE pensássemos como os céticos. Entretanto e com efeito, uma luz enorme nos ilumina no instante em que descobrimos o absurdo de pensar que o universo não tem sentido, quando DENTRO dele encontramos um “gás fétido mas inteligente”, capaz de constatar a falta de sentido de seu próprio pensamento. Logo, SE não há sentido algum no universo, não faz sentido pensar isso, e assim o non sense ganha sentido no absurdo.

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(*) Lembrar que a imundície da Humanidade também ajuda num outro raciocínio, igualmente auxiliado pela compreensão da pequenez humana. É que, se por um lado, uma vez conscientes de nossa pequenez microcósmica, o pior de todos os crimes humanos não passa de uma brisa arrepiante nos cabelos da santidade divina (e por isso, poder-se-ia entender melhor porque Jesus afirmava que “tudo seria perdoado aos homens”), por outro lado, quão maior dor não haverá em Deus quando for ouvida uma blasfêmia tão insolente vinda de vermes tão insignificantes, pelos quais Ele sofreu tudo e se humilhou até a morte, e morte de cruz? A lição é: se Ele perdoou tudo, por não ver jamais ofensa grande vinda de gente tão miúda, por qual razão nós não perdoaríamos o nosso próximo?

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