A pergunta que ninguém fez a CS Lewis

Com sua prodigiosa incursão pelo estranho mundo da ficção, CS Lewis teve que responder à mesma pergunta lógica: “De onde o senhor extraiu a inspiração para certo detalhe dessa história?”. Isto só não aconteceu com uma história. CS Lewis escreveu várias histórias que redundaram em livros do gênero ficção, e para todas elas ele teve que responder a alunos, leitores, pesquisadores e curiosos, que invariavelmente queriam saber de onde o mestre extraiu determinados detalhes de suas narrativas. Assim sendo, em seu livro  “Cartas do Inferno”, Lewis buscou inspiração em Milton, Goethe, McKenna, Traherne e até num antigo escritor pré-medieval que parece ter escrito cartas de Lúcifer. Em seu livro “O Grande Abismo” (livro por nós comentado), Lewis se inspirou em George MacDonald. Em seus livros das “Crônicas de Nárnia”, Lewis explicou que vislumbrou Nárnia em um quadro de animais desenhado numa tampa de biscoitos infantis, na qual uma cena com diversos animais falantes foi pintada, de maneira “tocante e realista”, coadunando-se com seu pensamento acerca do Reino de Deus… (…); e, ainda nas Crônicas, teria tido vários sonhos vívidos com um enorme leão bondoso que trazia a mensagem de Deus e era o próprio Deus em suas aventuras oníricas.

Todavia e com efeito, houve uma “inspiração” lewisiana que ninguém questionou e que foi, estranhamente, a única cuja informação teria se originado “in loco”, ou seja, no próprio ambiente em que a história foi narrada. Trata-se da ‘ficção’ intitulada “Longe do Planeta Silencioso”, na qual um homem é arrancado de sua rotina diária por homens maus que o seqüestraram para o entregar a um monstro extraterrestre, que ao final se mostra como não sendo monstro algum, pelo contrário, revela-se um amigo que sua alma há muito esperava e que afinal o salvou.

Entretanto, o lugar para onde ele foi levado é mostrado com detalhes não apenas minuciosos, mas absolutamente coerentes com aquilo que a Ciência demonstra ser plausível com a realidade local, num relato do qual Lewis jamais explicou a sua origem, pelo menos tão prosaicamente como o fez com as demais “ficções” supracitadas.

Portanto, se a narrativa de “Longe do Planeta Silencioso” não foi explicada como as outras, se seu ambiente revelado não é negado pela Ciência e se tudo que é mostrado ali é logicamente plausível, então a única explicação que resta é a de que Lewis teria sido, de fato, instruído por anjos, que o teriam visitado ou levado a um lugar onde a verdade foi exposta. Fora esta hipótese dos anjos, a única alternativa faltante seria a de que Lewis recebeu as informações diretamente do personagem central da narrativa, o qual teria sido real e nada fictício. Esta sim, é a grande sacada para os leitores de Jack.

A ‘dica da sorte” é pedir a cada um que vá investigar a intrincada série de mistérios que envolve o ambiente onde se deu a narrativa, estudando tudo o que a ciência sabe e não sabe a respeito, cuidando para que se algum segredo cósmico for descoberto, não seja contado pra ninguém, sob pena de o leitor correr riscos desnecessários e, como os peixes, “morrer pela boca”. [A nossa biblioteca EAT publicou uma história instigante a respeito, capaz de impressionar o leitor de Lewis, e ela pode ser acessada neste link].

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